13 de maio de 2025
terça-feira, 13 de maio de 2025

Praça Encontro das Águas: cultura, cidade e o potencial de um espaço vivo

Aqui na Serra, há um ponto onde o rio encontra o mar — literalmente. É ali, na Praça Encontro das Águas, que a natureza oferece um espetáculo diário de confluência e força. O nome, inspirado no fenômeno amazônico que une, sem misturar, o Rio Negro e o Solimões, parece sugerir mais do que geografia: sugere encontro, diversidade, convivência. E isso nos leva a uma questão central para o desenvolvimento urbano contemporâneo: como transformar espaços públicos em polos de difusão cultural e pertencimento?

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Figura 1 – Por-do-sol visto da praça encontro das águas.

A praça, com sua ponte, quadra, bancos, barcos e jovens mergulhando no rio, pulsa vida local. Ela é cenário do cotidiano de pescadores, palco de brincadeiras, ponto de meditação e lazer. Mas também carrega os contrastes típicos de muitas áreas urbanas brasileiras: relatos de abandono, lixo acumulado, uso de drogas. Ou seja, um espaço com imensos potenciais culturais e urbanos, mas ainda à margem de políticas públicas estruturantes.

Figura 2 – Monumento a Yêmanjá – Praça encontro das Águas

Quando falamos em difusão cultural, falamos da cidade como território de expressão e construção coletiva. Um espaço como a Praça Encontro das Águas pode (e deve) ser muito mais do que um ponto de passagem: pode ser um centro de valorização das práticas locais, da pesca artesanal ao jogo de damas, das tradições orais às vivências cotidianas e até mesmo um espaço para afirmação da sua fé.

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É aí que a arquitetura e o urbanismo ganham um papel essencial. O resgate desse tipo de praça exige mais do que requalificação física: pede um redesenho afetivo e social, que respeite os usos populares do espaço e estimule a presença cidadã. Bancos confortáveis, iluminação adequada, paisagismo sensível ao ecossistema local, áreas culturais e esportivas bem cuidadas — tudo isso contribui para que a praça se torne um vetor de dignidade e inclusão.

Além disso, uma gestão participativa que envolva moradores, artistas, educadores e lideranças locais pode transformar esse encontro de águas em um verdadeiro encontro de saberes, experiências e identidades.

A cidade não se faz apenas com concreto e asfalto. Ela se faz com memória, com laço social, com espaços como a Praça Encontro das Águas — que, apesar dos desafios, guarda em si uma beleza bruta e uma potência rara. Resta saber se vamos deixá-la afundar no esquecimento ou permitir que ela floresça como símbolo vivo da cultura e da convivência. Quando a cultura está presente no planejamento urbano, a cidade deixa de ser apenas um cenário e passa a ser protagonista da transformação social.

Porque, no fim das contas, uma cidade culturalmente viva é uma cidade mais segura, mais justa e mais humana.

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Marcos Paulo Bastos Ribeiro
Marcos Paulo Bastos Ribeiro
Com 27 anos, é microempresário, CEO da Edificar Gestão em Projetos Civis, Técnico em Edificações (CRT-ES) e graduando em Arquitetura e Urbanismo. Com foco em temas como desenvolvimento urbano, arquitetura, projetos civis. Marcos busca trazer uma visão abrangente sobre o potencial transformador da arquitetura na vida das pessoas e na construção das cidades.

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