O Instituto Mulheres no Poder (IMP), que tenho a honra de presidir, está se empenhando cada vez mais para aumentar a representatividade feminina nos Poderes Legislativo e Executivo no Espírito Santo. Finalizamos agora o nosso 1º triênio, de 2022 a 2025, no mês de março, e já estamos trabalhando para estruturar nosso plano de ações para o próximo triênio. Nosso foco permanece nas meninas e mulheres, visando a melhoria da qualidade de vida de todas.
Para fazer a diferença, são necessárias ações significativas que busquem aumentar o quantitativo de mulheres eleitas. Nossa proposta, dentre outras iniciativas, é permanecer com o propósito de capacitar lideranças para a gestão de nossos núcleos municipais no estado e expandir para outros estados brasileiros. Continuaremos com as visitas aos municípios com o projeto “IMP Vai aos Municípios”, pelo qual já percorremos mais de 30 municípios somente em 2024.
Outro objetivo é ampliar o projeto “Elas no Poder”, que passou de 30 candidatas em 2020 para mais de 150 na edição de 2024. Para aquelas que pretendem disputar as eleições de 2026 e 2028, já iniciamos um ciclo de acompanhamento com visitas e fortalecimento de preparo, visibilidade e musculatura política. Trata-se de um projeto de médio prazo, que visa preparar cada mulher para ter conhecimento amplo e domínio sobre o tema da representatividade feminina.
É essencial que todas nós entendamos que não estamos sobrando no cenário político-eleitoral, mas sim que temos o direito de participar ativamente dele. Sabemos que não estamos ali de favor. Portanto, quanto mais preparadas estivermos, com domínio sobre temas que valorizem a presença das mulheres e reforcem o senso de pertencimento a um ambiente historicamente considerado masculino (e que infelizmente ainda é), mais diferenças podemos fazer.
Se a discussão, por exemplo, envolve a violência obstétrica, é indispensável que a mulher seja ouvida. Sua opinião deve ser considerada. Li um estudo, intitulado “Mulheres Brasileiras e Gênero nos Espaços Públicos e Privados” (da Fundação Perseu Abramo em parceria com o Serviço Social do Comércio), que revela que uma em cada quatro grávidas no Brasil enfrenta esse lamentável problema. Por ser um estudo não tão recente, é possível que os números tenham piorado. Outros dados ainda mais graves apontam que as mulheres negras são as principais vítimas da violência obstétrica, o que não significa que as mulheres brancas também não enfrentem essas situações. Na rede particular, o índice observado chega a 30%, segundo um estudo da Fiocruz.
Precisamos nos capacitar para enfrentar temas difíceis e desafiadores que dizem respeito direta ou indiretamente a nós, mulheres, em nossas vidas pessoais, profissionais e familiares. O Instituto Mulheres no Poder é, sem dúvida, uma porta de entrada para que possamos assegurar que “nada sobre nós seja discutido sem nós” (uma frase que ouvi certa vez e que considero extremamente pertinente).
Portanto, meu desejo é que as mulheres aproveitem esse espaço de diálogo e aprendizado e estejam preparadas para ocupar o cenário político-eleitoral, de modo a representar toda a população capixaba, mas, sobretudo, para dar voz às mulheres historicamente silenciadas. É importante destacar que, se a prioridade não for a defesa dos interesses coletivos, a caminhada perde o sentido. O protagonismo é fundamental para que nossas lideranças tenham projetos sólidos de fortalecimento.
Finalizando meu período na linha de frente do Instituto Mulheres no Poder, coloco-me à disposição do meu partido (PSB) para a consolidação do meu projeto político para 2026. A proposta é disputar o cargo de deputada estadual, embora a definição final caiba ao partido.
Outra forma de protagonismo são as ações realizadas dentro do segmento de mulheres do partido. Atualmente, estou na disputa pela Secretaria de Mulheres do PSB para o próximo triênio. Afinal, como orientar o que deve ser feito em outros partidos, como fiz durante todo o tempo de gestão do IMP, se não atuar no meu próprio partido? É essencial que façamos nossa tarefa de casa.
As Secretarias de Mulheres dos partidos políticos precisam trabalhar em metas mais ambiciosas e preparar lideranças de forma antecipada para os pleitos futuros. Elas devem indicar quadros femininos aos gestores municipais para fortalecimento e visibilidade, além de abordarem um tema crucial dentro dos partidos: o financiamento das campanhas femininas.
Uma das principais razões que levam as mulheres a desistir da política é precisamente as más experiências vividas enquanto candidatas a vereadoras, prefeitas, vice-prefeitas e deputadas.
Portanto, coragem! O próximo projeto começa hoje.
Flávia nos representar sempre
parabéns! belíssimo artigo!