Podemos acreditar que o avanço tecnológico é sempre uma vantagem para a humanidade, tornando mais fáceis o transporte, a comunicação, o ensino e muitas outras áreas. Além disso, é importante relacionar essa evolução com o prolongamento da vida humana. Mas quem nunca ouviu um amigo dizer: “Acho que nasci na época errada”? Bem, talvez, se ele realmente tivesse nascido na era que idealiza, uma simples infecção dentária já poderia tê-lo levado diretamente para a “página de logon” da vida.
Entre esses avanços, a Inteligência Artificial tem sido um dos principais temas de debate atualmente. Suas aplicações, os receios e os problemas já identificados em tão pouco tempo de uso nos fazem questionar sua segurança e utilidade. No entanto, como em qualquer tecnologia emergente, falhas iniciais são comuns, e, com o tempo, ajustes e melhorias tendem a surgir.
Entre as IAs mais conhecidas hoje, podemos destacar o ChatGPT, DeepSeek e Gemini. Cada uma delas possui características específicas definidas por seus criadores, mas todas compartilham uma preocupação em comum: possíveis vazamentos de dados e questões relacionadas à privacidade.
A DeepSeek, por exemplo, é conhecida por oferecer um serviço semelhante ao ChatGPT, com otimização de recursos e resultados eficientes. No entanto, também já esteve envolvida em um problema grave de segurança: um banco de dados exposto na internet contendo informações sensíveis, como logins, prompts e tokens de acesso.
O ChatGPT, por sua vez, também possui um histórico preocupante. Houve relatos de que a ferramenta já exibiu logins e até senhas de usuários em alguns casos, além de suspeitas de que dados estariam sendo comercializados em fóruns criminosos (este ponto ainda está sob investigação).
Diante desses exemplos, surge a seguinte notícia: “Brasil quer acelerar a revolução da inteligência artificial com estratégia do MCTI (Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação)”. Mas será que estamos realmente preparados para essa revolução? Considerando que o Brasil já figura entre os países com mais vazamentos de dados de usuários, essa iniciativa levanta preocupações sobre segurança e privacidade.
E, para completar a ironia, o governo, que é historicamente um dos maiores responsáveis por vazamentos de dados no país, continua cobrando rigor das empresas privadas em relação à LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados), como se fosse exemplo de boas práticas. Fica a pergunta: a quem realmente interessa essa revolução, e quem pagará o preço pelos inevitáveis vazamentos que virão?
Acredito no potencial da inteligência artificial, mas também vejo a necessidade de primeiro “arrumar a casa” antes de sua ampla implementação. Em vez de apenas adotar essa tecnologia, o governo deveria priorizar medidas fundamentais, como a oferta de cursos de segurança cibernética, a ampliação de vagas para especialistas em cibersegurança nos setores de TI públicos e a melhoria da infraestrutura para mitigar ataques como DDoS e SQL Injection. Sem uma base sólida de segurança, a adoção da IA pode acabar apenas ampliando vulnerabilidades já existentes.