Especialistas da Rede Ebserh destacam os impactos das mudanças climáticas na saúde e orientam práticas de prevenção
O Dia Nacional de Conscientização sobre as Mudanças Climáticas, celebrado em 16 de março, é uma ocasião para refletir sobre como as alterações climáticas podem afetar nossa saúde. Com a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas prevista para 2025 no Brasil (COP 30), a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) alerta que as mudanças climáticas representam um desafio significativo para a saúde pública.
Mudanças climáticas e aumento de doenças infecciosas
Os eventos climáticos extremos estão transformando o cenário epidemiológico no Brasil, conforme observa Moara Santa Bárbara, infectologista do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás. “Chuvas intensas seguidas por altas temperaturas criam condições ideais para a proliferação de vetores, como o Aedes aegypti, transmissor de doenças como dengue e zika.” Este mosquito se reproduz em pequenos volumes de água limpa e parada, e seus ovos podem resistir ao ressecamento. Desastres naturais aumentam a quantidade de criadouros devido ao acúmulo de água estagnada.
Além das doenças transmitidas pelo Aedes aegypti, outras enfermidades causadas por vetores, como febre amarela, malária e leptospirose, também estão expandindo sua área de incidência. Moara enfatiza a importância de medidas preventivas: “Eliminar água acumulada e realizar a limpeza de áreas alagadas são essenciais para prevenir surtos.”
Hilton Alves Filho, da Unidade de Vigilância em Saúde do Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas, complementa que períodos de chuvas intensas podem levar à contaminação da água, aumentando os riscos de leptospirose e hepatite A. Para mitigar esses riscos, ele recomenda cuidados com a água, como fervê-la ou filtrá-la, e a adoção de práticas adequadas de higiene.
Impactos das mudanças climáticas na saúde respiratória
Estima-se que, até 2030, as mudanças climáticas poderão causar cerca de 250 mil mortes adicionais anualmente, em grande parte devido a doenças respiratórias, segundo Emanuell Felipe Silva Lima, pneumologista do Hospital de Doenças Tropicais da Universidade Federal do Tocantins. A poluição gerada pela queima de combustíveis fósseis contribui para problemas respiratórios, aumentando a incidência de asma e bronquite.
O aumento da temperatura global também agrava a situação, pois pode intensificar a demanda por oxigênio em pessoas com doenças respiratórias pré-existentes. Além disso, a umidade elevada favorece a proliferação de mofo e bactérias, que podem agravar doenças como a fibrose pulmonar.
Recomendações para proteger a saúde respiratória incluem manter a vacinação em dia, adotar hábitos saudáveis e evitar fumar. A promoção da saúde respiratória é fundamental para mitigar esses efeitos.
Atenção à saúde cardiovascular
Alinne Katienny, cardiologista do Hospital de Doenças Tropicais da Universidade Federal do Tocantins, alerta que ondas de calor podem provocar desidratação severa e aumentar os riscos de infarto e derrame. Medidas preventivas simples, como usar roupas leves, praticar exercícios em horários frescos e manter a hidratação, são essenciais.
Eventos científicos e discussões sobre clima e saúde
De 29 a 31 de maio, a Universidade Federal de Santa Maria sediará o Congresso Brasileiro sobre Catástrofes Climáticas (ConBrasCC), em parceria com o Hospital Universitário de Santa Maria e a Rede Ebserh. O evento esclarecerá os desafios e soluções relacionados a desastres climáticos, como os que afetaram o Rio Grande do Sul.
Uma próxima reportagem da série “Saúde e Clima” abordará o impacto do calor nas populações mais vulneráveis, incluindo idosos e crianças.
Sobre a Ebserh
A Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares, vinculada ao Ministério da Educação, foi criada em 2011 e atualmente administra 45 hospitais universitários federais, favorecendo a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovações.