18 de julho de 2025
sexta-feira, 18 de julho de 2025

MST planta 2 mil hectares para recuperar bacia do Rio Doce

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) iniciou, em setembro, o plantio de 2 mil hectares de áreas de reserva legal e preservação permanente em assentamentos da região do Vale do Rio Doce, em Minas Gerais. A ação faz parte do Programa Popular de Agroecologia da Bacia do Rio Doce, que busca restaurar áreas degradadas após o rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG), em 2015, considerado o maior desastre ambiental do Brasil.

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O rompimento da barragem, operada pela Samarco (Vale/BHP), despejou cerca de 60 milhões de metros cúbicos de rejeitos de minério de ferro no Rio Doce, contaminando a bacia hidrográfica e causando impactos ambientais e sociais devastadores. A tragédia afetou diretamente 51 assentamentos do MST na região, que agora lidera esforços para recuperar o ecossistema local.

Técnica da muvuca de sementes e geração de renda
O plantio utilizou a técnica da muvuca de sementes, que consiste na mistura de sementes nativas com substratos para facilitar a germinação. Além de ser uma técnica de baixo custo, ela gera renda para as famílias assentadas, povos indígenas e quilombolas envolvidas no processo. “Estamos reconstruindo a importância do cuidado com o ambiente, voltando a um ambiente diverso, com mata nativa, solo saudável e biodiversidade”, explica Maíra Pereira Santiago, coordenadora do setor de produção do MST em Minas Gerais.

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O programa já conta com 2 mil hectares de restauração de mata nativa e projeta a recuperação de mais 3 mil hectares no próximo período. A iniciativa também inclui a construção de barraginhas e fossas sépticas, além do cercamento de áreas para proteger nascentes e evitar a compactação do solo pelo gado, um dos principais agentes de degradação na região.

Impactos ambientais e sociais
A restauração florestal tem trazido resultados tangíveis. “Já temos assentamentos que iniciaram a restauração em 2019 e hoje contam com nascentes recuperadas. A água está voltando a jorrar”, comemora Maria de Fátima Vieira, gestora de projetos e dirigente do MST. Além dos benefícios ambientais, o programa promove a geração de renda por meio da agroindústria local e de cadeias produtivas alternativas à pecuária intensiva.

No entanto, o MST enfrenta desafios para ampliar as ações. A falta de maquinário agrícola e a cultura local de manejo com fogo dificultam o trabalho. “A cerca não impede o fogo de passar, e algumas áreas já cercadas e plantadas foram atingidas por incêndios”, relata Maíra. Além disso, a degradação histórica do solo pela pecuária e mineração exige esforços adicionais para garantir a recuperação efetiva.

Relevância para a Mata Atlântica
A região do Vale do Rio Doce está inserida no bioma da Mata Atlântica, que hoje possui apenas 24% de sua cobertura original, segundo a Fundação SOS Mata Atlântica. Em Minas Gerais, onde o bioma é mais crítico, o desmatamento ainda atinge 3,2 mil hectares por ano. O programa do MST contribui para reverter esse cenário, alinhando-se ao plano nacional Plantar Árvores e Produzir Alimentos Saudáveis, que pretende plantar 100 milhões de árvores em 10 anos. Até agora, o MST já plantou 45 milhões de mudas.

“Essas ações mostram que a agricultura familiar e os camponeses são quem cuidam do meio ambiente e produzem comida. Estamos provando que é possível conciliar produção e preservação”, conclui Maria de Fátima. O programa não só recupera o ecossistema, mas também fortalece a resistência das comunidades locais, mostrando que é possível construir um futuro sustentável após uma das maiores tragédias ambientais do país.

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