A Comissão de Educação e Cultura (CE) do Senado Federal aprovou, no dia 17 de dezembro, o Projeto de Lei (PL 6.177/2019) que reconhece a cerimônia do Kuarup, um ritual indígena do Xingu, localizado em Mato Grosso, como uma manifestação da cultura nacional. A proposta, apresentada em 2019 pela deputada Professora Rosa Neide, agora aguarda sanção presidencial.
Cerimônia do Kuarup
A cerimônia do Kuarup ocorre entre agosto e setembro, reunindo diversas etnias do Alto Xingu no Parque Nacional do Xingu, no norte do Mato Grosso. Este ritual aborda temas universais, como a morte e o luto, enquanto homenageia a memória de falecidos.
A celebração alterna momentos de luto com a celebração da vida, refletindo a filosofia indígena que valoriza a continuidade da existência e a convivência harmoniosa na comunidade após a perda de entes queridos. O momento culminante da cerimônia ocorre quando troncos de árvore são lançados simbolicamente na água, simbolizando a despedida, a transformação e a transcendência.
Aspectos da Prática Religiosa
O Kuarup também se caracteriza como uma prática religiosa que destaca a figura de Mavutsinim, a divindade criadora, segundo a tradição indígena. Mavutsinim é creditado por moldar o mundo e os primeiros homens a partir dos troncos da árvore Kuarup.
A narrativa deste ritual foi documentada pelo indigenista Orlando Villas Bôas e revela uma tentativa de Mavutsinim de ressuscitar os mortos, através de um ritual complexo que envolve cânticos, danças e celebrações comunitárias. A ornamentação dos troncos e a interação com a natureza são elementos simbólicos fundamentais que buscam homenagear os ancestrais enquanto fortalecem os laços sociais da comunidade.
Com informações da Agência Senado