O livro Última Parada, com seu toque sutil de ficção científica, me cativou de maneira única, pois mistura temas universais sobre identidade e lugar no mundo com uma abordagem leve e envolvente sobre viagem no tempo. O que mais me atraiu foi a maneira como a narrativa explora a viagem no tempo de uma forma que não domina a história, mas a torna mais rica e interessante, e o modo como a protagonista, Jenny, lida com essas situações aparentemente surreais de forma muito humana e próxima da nossa realidade cotidiana.
O conceito central de Última Parada é a viagem no tempo, mas o que mais me fascina no livro é como essa ideia é abordada de maneira intimista e localizada. Ao contrário de muitos enredos de ficção científica que envolvem mundos vastos ou cenários épicos, a trama se passa em um lugar específico: o metrô de uma cidade. Não é um fenômeno global ou algo que afeta toda a sociedade, mas uma experiência que se limita à vida de August e à sua interação com o metrô. O cenário, ao invés de ser grandioso, é simples e cotidiano, o que torna a história ainda mais única. O fato de a protagonista viajar no tempo enquanto realiza uma ação simples do dia a dia, como pegar o metrô para ir ao trabalho, traz um contraste interessante entre o extraordinário e o banal. Isso faz a história parecer mais acessível, como se qualquer um de nós pudesse estar vivendo algo semelhante, o que aumenta o impacto emocional.
August, a protagonista, não é alguém com quem eu me identificaria diretamente, mas gostei muito dela. Ela é uma jovem que sabe o que quer, tem um bom coração e, ao mesmo tempo, uma personalidade forte, que se posiciona de maneira clara sobre o que é importante para ela. Embora não tenha uma conexão pessoal direta com a personagem, seu comportamento, suas escolhas e a maneira como ela interage com os outros me pareceram autênticos e bem desenvolvidos. Ela se adapta bem à situação que lhe é imposta, não como uma personagem passiva, mas com a capacidade de tomar decisões importantes em sua jornada. Ela também consegue fazer amizades genuínas, como com seus colegas de apartamento, o que mostra sua abertura e vontade de se conectar com os outros.
O romance que surge entre August e Jane também me chamou a atenção. Ao contrário de muitos romances em que a história se desenvolve de maneira mais tradicional e previsível, a relação delas começa de forma mais sutil e cresce dentro do contexto do metrô. Elas começam a se conhecer enquanto viajavam no mesmo trajeto, o que, em si, já é uma ideia interessante. O cenário do metrô, com seu ritmo diário e simples, acaba criando uma atmosfera única para o romance, algo que eu nunca tinha visto em um enredo romântico. As conversas no metrô se tornam o espaço onde o relacionamento delas se desenvolve, e isso faz com que o romance tenha uma qualidade orgânica e natural.
O que mais me encantou nesse livro foi a mistura de romance com ficção científica, especialmente a viagem no tempo. Ao contrário de muitos livros do gênero que podem se tornar excessivamente técnicos ou difíceis de entender, Última Parada consegue explicar a viagem no tempo de maneira acessível, sem complicar demais. Não há longas explicações sobre paradoxos temporais ou física quântica; em vez disso, a história mantém a simplicidade e a fluidez, o que a torna agradável e fácil de acompanhar, mesmo para aqueles que não são fãs do gênero. A maneira como a viagem no tempo se integra ao cotidiano da protagonista, sem dominar completamente a trama, faz com que a ficção científica sirva como um tempero para a história, e não o seu centro. Isso confere uma leveza ao livro, tornando-o uma leitura envolvente e acessível para qualquer leitor.
Um dos momentos mais tensos do livro, para mim, foi quando os personagens tentam realizar um “apagão” no metrô para tirar Jane de um loop temporal. A incerteza sobre o destino dela cria uma tensão palpável — o leitor fica em suspense, sem saber se ela vai sobreviver ou desaparecer. Esse momento não é apenas emocionante do ponto de vista da ficção científica, mas também muito humano, pois a preocupação dos personagens com a sobrevivência de Jane transmite uma emoção realista, algo com o qual qualquer um pode se identificar.
Além dos elementos de romance e ficção científica, o livro também aborda a jornada de autodescoberta de August. Ao longo da história, ela se vê confrontada com questões sobre seu próprio lugar no mundo e o que realmente quer da vida. O livro toca em temas como identidade, escolhas e o processo de entender quem você é. Isso é algo muito relevante para muitos leitores, especialmente aqueles que estão em momentos de transição na vida. August, ao tentar entender seu papel dentro da história que está vivendo, reflete uma busca comum de muitos jovens adultos, e acredito que isso é um dos pontos que tornam o livro tão significativo.
O final de Última Parada é outro ponto que me agradou. Como fã de finais felizes, adorei o desfecho, mas o que realmente me chamou a atenção foi o fato de que ele não parecia forçado. A história estava se encaminhando naturalmente para um final feliz, e quando ele aconteceu, não foi algo que saiu do nada. Foi como se a trama tivesse se alinhado perfeitamente com o desejo dos personagens, oferecendo a conclusão que eles mereciam, sem parecer que estava sendo imposta ou artificial. Isso é um alívio, especialmente para aqueles que, como eu, apreciam finais que parecem genuínos e que fazem sentido dentro do contexto da história.