O Natal, por muitos anos, foi para mim uma data envolta em sentimentos de melancolia. Apesar de saber que é uma celebração do nascimento de Jesus, com promessas de paz e renovação, essa época do ano trazia uma tristeza inexplicável. Talvez fosse o próprio processo árduo de preparar a ceia e as obrigações sociais que a data carrega, que me deixavam exausta ao fim do dia.
Foi somente quando comecei a celebrar o advento, período de preparação espiritual para o Natal, que encontrei um significado mais profundo nesta data. Passei a ver o Natal como uma oportunidade de gestar um mundo melhor, de renovar nosso olhar com mais empatia e solidariedade. No entanto, ainda me incomodava a superficialidade com que muitos vivenciam essa época, como se fosse apenas sobre presentes e festas, sem uma verdadeira reflexão sobre mudança pessoal durante o ano.
As obrigações familiares também ganharam uma nova perspectiva com o tempo. Com a dinâmica da minha família mudando, o Natal adquiriu um caráter mais intimista e seletivo, celebrando com aqueles que realmente fazem diferença em nossas vidas. Não sinto mais a pressão de presentes obrigatórios. Na nossa casa, eu e meu marido permitimos que os presentes sejam simples gestos de amor sem datas marcadas, fortalecendo o estar presente em vez de dar presentes.
Como minha mãe sabiamente dizia sobre o Dia das Mães e dos Pais, acredito que não adianta presentear sem que a presença e o afeto sejam constantes ao longo do ano. Este Natal espero poder compartilhar momentos sinceros com minha família de sangue ou de coração. Que possamos celebrar o renascimento daquele menino que nos ensina sobre solidariedade e compaixão.
Que todas as pessoas encontrem esse significado maior, vivendo esses valores não só no Natal, mas durante todo o ano. Que possamos, na simplicidade, estar presentes com aqueles que amamos, permitindo que o verdadeiro espírito de Natal guie nossas ações de maneira genuína e de coração aberto.
