Cuidar da saúde sempre foi uma questão delicada para mim. Ao longo dos anos, seja por falta de exemplo ou por prioridades invertidas, fui adiando os cuidados com o corpo, priorizando o trabalho e outras responsabilidades. Como muitas mulheres, sempre deixei minha saúde em segundo plano. Agora, aos 51 anos, me vejo frente a um novo desafio: uma alteração mamária que exige investigação. Talvez isso seja um alerta para mim, e para tantas outras mulheres, sobre a importância de sermos nossa própria prioridade.
Minha história com a saúde começou ainda na infância, quando precisei usar uma bota ortopédica que afetou permanentemente minha mobilidade, causando problemas nos joelhos. Além disso, uma tosse persistente tratada com corticoides alterou meu metabolismo, levando ao ganho de peso. Fui uma criança e uma adolescente obesa, e mesmo na vida adulta, enfrentei os desafios de estar acima do peso até que, aos 40 anos, optei pela cirurgia bariátrica. A cirurgia trouxe benefícios, mas também exigiu mudanças e atenção constante à suplementação, já que afetou a absorção de nutrientes.
Com a chegada do Outubro Rosa, tive um novo chamado para refletir sobre a importância de priorizar a saúde. Este ano, não repeti o erro de 2023, quando, por conta da correria do trabalho, deixei de fazer a mamografia. Após uma palestra inspiradora de uma ginecologista, resolvi fazer os exames de rotina, e foi então que descobri uma alteração em um dos dutos do seio, com crescimento de 14 milímetros. A descoberta me trouxe para o Hospital Santa Rita, onde pude sentir a força de mulheres que, mesmo na incerteza, acolhem e apoiam umas às outras com empatia e solidariedade. Esse acolhimento, essa força coletiva, é algo que nunca imaginei ver na sala de espera de um hospital.
Agora, aguardo os resultados de uma biópsia, dividida entre a possibilidade de ser algo preocupante ou uma simples anomalia. Esse limiar de “50% para lá, 50% para cá” já trouxe mudanças na forma como encaro minha própria saúde. Não é uma transformação instantânea; são costumes de uma vida que preciso desconstruir. Mas essa experiência está me ensinando que nós, que cuidamos tanto dos outros, também precisamos cuidar de nós mesmas. Afinal, como em um avião, é preciso colocar a máscara em si antes de ajudar o outro.
Vou continuar relatando essa jornada, não para despertar pena ou parecer vítima, mas como um lembrete para mim e para outras mulheres: precisamos nos colocar como prioridade. Que possamos aprender a nos cuidar, a nos fortalecer e a viver da melhor maneira, lidando com as lições e vitórias que essa experiência nos trará.