Apesar de muitas cidades já terem suas prefeituras e câmara de vereadores já formadas, muitos outros municípios ainda não definiram quem será o seu prefeito pelos próximos quatro anos. Aqui no Espírito Santo, a Serra é o único municipio que terá segundo turno. Logo, podemos afirmar que estamos em período eleitoral.
Como em todo momento “especial” do calendário, o período eleitoral tem suas características que o diferenciam das demais épocas do ano. Além da presença de candidatos exóticos, santinhos sujando as ruas e entupindo as nossas caixas de correio, ouvimos muita música, os famosos jingles que servem para promover candidatos e partidos.
Essa presença da música nas campanhas eleitorais é tão forte que nos questionamos sobre a sua necessidade e eficiência. Essa questão, no entanto, também nos remete a uma pergunta anterior: Por que fazemos música?
Muitas respostas podem ser dadas para entendermos a relação do ser humano com a música, mas uma delas foi dada por Sidnei de Oliveira em seu artigo A viola caipira como estandarte. Nesse texto, o autor cita um violeiro popular que, por ser analfabeto, faz cantigas para guardar as histórias que chegam aos seus ouvidos. Em outras palavras, a música ajuda a conservar mensagens e histórias em nossos corações e mentes.
Os comerciantes foram os primeiros a explorar o potencial das mensagens musicais. O primeiro jingle é de 1882 e foi composto para divulgar um produto digestivo. No entanto, foi só em 1935 que ocorreu a primeira gravação de um jingle em um disco de vinil.
O potencial desse recurso rapidamente foi explorado pelos políticos e gerou peças que acabaram grudando em nossas mentes. Quem não se lembra do famoso “Um democrata cristão”?
Um democrata cristão – Jingle de Eymael nas eleições presidenciais (Legendado)
Outra melodia presente em várias eleições foi a do atual presidente, Luís Inácio Lula da Silva, o famoso “Lula-lá”.
A música pegou tanto que ganhou uma versão nova em 2022.
A história política do Espírito Santo também é marcada pela presença dos jingles. Em 2012, Luciano Rezende conseguiu sua eleição para a prefeitura de Vitória em uma campanha com adversários como Luiz Paulo Vellozo Lucas, ex-prefeito da capital capixaba.
Na época muitos creditaram a vitória de Luciano Rezende ao uso estratégico de seu jingle que foi acompanhado de um gesto com as mãos, transformando-o em uma dança que embalou a sua bem sucedida campanha.
Esses são alguns exemplos da força e importância da música durante as campanhas eleitorais. Isso, entretanto, é só uma forma do uso político dessa expressão artística. Durante a história há muitos exemplos de como movimentos e grupos se utilizaram de canções para reforçar os seus ideais junto aos seus pares.
Um exemplo famoso é “Bella ciao”. Canção italiana criada no final do século XIX e cantada por agricultores italianos, “Bella ciao” ficou muito conhecida como um hino antifacista entoado pelos partisans que lutaram contra o regime de Benito Mussolini.
Podemos concluir que, além de ser um veículo de expressão artística, a música pode servir a outros propósitos. Por sua capacidade de evocar emoções, mobilizar pessoas e criar laços que reforçam grupos dos mais diversos tipos, a música tem muita força que é muito utilizada por políticos em várias ocasiões, dentre as quais estão as campanhas eleitorais.
Seja para reforçar a identidade de um candidato ou de um grupo político, a música sempre vai ser empregada na disputa pelo poder. Afinal, como vimos no começo desse texto, a música é a forma mais eficiente de nos lembrarmos de uma história ou reforçarmos uma mensagem.