quarta-feira, 30 de outubro de 2024

Papai Noel não gosta de gay

Os índices de suicídios aumentam nas festas de final do ano

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Segundo a Organização Mundial de Saúde, OMS, uma pessoa tira sua própria vida a cada 40 segundos no mundo, 800 mil por ano, e nesse terrível ranking o Brasil ocupa a 10º posição.

Entretanto, dentre esses números terríveis, ainda há o agravamento quando se trata de pessoas LGBTQIAPN+. Segundo apurou o Centro de Amor e Vida (CAVIDA) de Maceió, 78% dessa população afirma ter a sensação de querer sumir e 49% já desejou não viver mais. As motivações mais relatadas são a falta de apoio espiritual, indiferença e preconceito.

Para comparação entre pessoas heterossexuais, um estudo realizado nos Estados Unidos revelou que 8% dos homens e 13% das mulheres tinham ideação suicida. Entre os LGBT, a taxa foi de 36% para homens e assustadores 42% para mulheres.

A heteronormatividade compulsória é aquela destinada a todas as pessoas ao nascer, em que imediatamente se atribui ao bebê um gênero e uma orientação sexual predestinada. Isso faz com que essas crianças cresçam e se desenvolvam sem a possibilidade de serem homossexuais e/ou transexuais. Essa rotulação precoce possui status de prisão, impedindo o pleno desenvolvimento da personalidade daquele indivíduo. “Não sente assim, fecha as pernas, fala igual homem, isso é coisa de menino, homem não chora, menina brinca de bonecas” e tantas outras falas que vão cerceando e podando o pleno desenvolvimento dessas crianças.

Quando mais velhas, tomam coragem para sair do armário e, em incontáveis vezes, não são acolhidos por aqueles que deveriam ser os principais e primeiros protetores: os familiares. O sofrimento intenso e insuportável, além de comportamentos autodestrutivos é a consequência, o que leva aos altos números suicidas mencionados.

Nesta época do ano, conforme estudos do Centro de Valorização da Vida (CVV) – organização que oferece apoio emocional e prevenção ao suicídio – o número de ligações aumenta em 15% em dezembro.

O clima natalino de alegria, amor no seio familiar, presentes, toda família reunida na ceia e trocando gestos carinhosos  que a mídia veicula vão de encontro à realidade de não aceitação, violência física e verbal, expulsão de sua própria casa, sofrimento. O ano novo traz um sentimento de recomeço e um futuro melhor, mas não àqueles que estão desacreditados e rejeitados. Para esses não há expectativas para o futuro. Tudo envolto em um sentimento de falha, pois não possuem uma família igual àquela do comercial de margarina e podem sentir como se a culpa disso fossem suas, por serem LGBTQIAPN+.

Mas o fato é que não temos culpa de nada disso e está tudo bem nos afastarmos de ambientes e relações tóxicas, mesmo que essa relação seja com nossos próprios pais.

Ser LGBT não é doença, nem desvio de caráter. O problema está nessa sociedade machista, patriarcal, preconceituosa, conservadora. A homossexualidade é tão biológica quanto a heterossexualidade e a ignorância e LGBTfobia não vão nos parar. Existimos e resistimos.

Para você que está com pensamentos suicidas, busque ajuda. O telefone do CVV é o 141 (www.cvv.org.br para atendimento online) e 193, bombeiros. Você não está sozinho e é possível ser feliz e amado.

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