Miguel era um jovem solitário, no maior sentido desta palavra, ele era muito excluído na escola e até mesmo seus professores o desprezavam por causa de sua personalidade muito mais tímida, mais do que o normal, e por sua dificuldade de aprendizado.
Para piorar sua situação os seus pais nunca estavam em casa, sempre viajando e evitando o filho. O máximo de vezes que Miguel viu os seus pais havia sido nas festas de fim de ano, entre 24 de dezembro a 1º de janeiro.
Mas apesar dessa vida solitária , Miguel não reclamava da sua vida, afinal tinha uma casa e comida na mesa, além disso, sempre foi uma pessoa independente desde muito cedo. Quando tinha 6 anos já sabia cuidar da casa como um adulto, por isso, nunca precisou de uma babá ou de uma cuidadora, coisa que aliviou seus pais que odiavam desperdiçar tempo com coisas menos importante do que seus trabalhos, e o próprio filho estava entre essas coisas irrelevantes.
Por ser alguém muito solitário e que raramente falava, Miguel desenvolveu uma grande habilidade de observação e análise de pessoas, com apenas algumas informação que para a maioria poderiam parecer irrelevantes ele poderia fazer uma projeção exata da vida e características de alguém. Uma habilidade que com certeza seria apreciada por muitos investigadores e policiais.
O novo “alvo” dele era a sua misteriosa e bela nova vizinha, ela havia se mudado para a vizinhança há apenas 3 dias e já tinha chamado a atenção de todos, seja para o bem ou para o mal. A vizinha era uma bela mulher negra que parecia ter por volta de seus 21 anos, seus olhos era de um estranho mas cativante tom âmbar, porém, a coisa que mais chamava atenção de todos que a viam era seus longos cabelos vermelhos cor de sangue.
A nova vizinha cativou os corações de vários homens e mulheres da vizinhança, afinal havia algo nela que causava o despertar dos desejos mais obscuros e luxuriosos das pessoas, mas ao mesmo tempo ela causava inveja em muitos, principalmente na família do pastor que vivia na casa ao lado da dela.
A raiva do pastor aumentou quando descobriu que sua filha era uma das adolescentes que se apaixonou pela mulher misteriosa, mas apesar de toda comoção feita por causa de sua presença, a nova vizinha não parecia se importar, na verdade ela não havia falado com ninguém desde sua chegada, 3 dias atrás, coisa que aumentava o fascínio por ela.
Miguel assim como todos também queria saber mais sobre a nova vizinha, não por causa de luxúria ou inveja, mas por causa de sua obsessão de querer saber da vida de todos. Sua avó antes de morrer disse em tom de brincadeira que isso era síndrome de fofoqueiro, mas a nova vizinha não se abria para ninguém e parecia se incomodar com essas tentativa.
Miguel suspirou de frustação enquanto olhava para o seu celular que marcava 00h30, era tarde, mas a sua curiosidade não o deixava dormir, então para se distrair uma caminhada parecia uma boa ideia.
As ruas estavam desertas, para muitos isso poderia assustar, mas para Miguel isso era reconfortante, odiava lugares cheios de pessoas. A caminhada continuou normal até que no final de uma rua que era cercada por arvores, Miguel viu uma cena no mínimo estranha.
Era a nova vizinha junto com um homem, ela estava suja dos pés a cabeça de sangue e o homem estava morto e com uma expressão de horror em seu rosto.
Os dois se olharam por alguns segundos e ninguém parecia saber o que fazer ou dizer, mas o que pareceu surpreender a mulher foi o fato de que Miguel não estava com medo ou ansioso.
– Oi – disse Miguel tentando quebrar o gelo – o meu nome é Miguel, seja bem-vinda a nossa vizinhança.
– Oi, o meu nome é Isabella, mas pode me chamar de Isabel. – disse Isabella com um pequeno sorriso envergonhado.
– Então….. você é um tipo de vampiro?
– Sim, mas não sou a típica vampira tradicional europeia – Isabella então começou a se aproximar de Miguel, apesar de estar coberta de sangue, isso não assustou o jovem.
– Percebi isso quando você não explodiu quando pegou sol.
Isabel soltou um pequena risada, aquela jovem era estranho e diferente de todos que já havia encontrado em sua vida.
– Sim, até porque não faria sentindo um vampiro brasileiro morrer no sol.
Os dois então começaram a rir, parecendo um momento fofo entre dois amigos, mesmo tendo um cadáver a poucos metro entre eles.
– Você vai me matar?
– Não, não só porque eu já comi, mas também porque você me parece legal, acho que preciso de uma companhia depois de muitos anos de solidão – Isabel tinha um sorriso no rosto que rapidamente foi substituído por um expressão de pânico – mas pelo amor de Deus, não tenho interesse amoroso ou sexual por você.
– Não se preocupe, também não tenho interesse em você.
Os dois então andaram até a casa de Miguel, sorrindo e conversando como bons amigos.
Na manhã seguinte a vizinhança acordou horrorizada com a aparição de um corpo morto, todo o sangue do cadáver tinha sido drenado.
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Dessa vez fiquei esperando o final do conto…
Sempre me prendo sua detalhes e entro nas cenas como se estivesse no local …
Demais…
Acho que vou olhar a vizinhança com mais cuidado.
Muito bom conto.
Leitura agradável…quero mais!
Achei o texto muito breve. Causou muita expectativa. A história deveria ter continuado, estava começando a ficar emocionante, aí acabou.