Às vésperas do início oficial da Copa do Mundo FIFA de Futebol Feminino, que ocorrerá de 20 de julho a 20 de agosto de 2023, a gritante disparidade entre o futebol masculino e feminino em todo o mundo persiste como uma realidade preocupante.
Todos sabemos que, durante a Copa do Mundo, o país passa por uma transformação completa. As ruas são pintadas e decoradas com bandeirinhas, as aulas e os expedientes são encerrados mais cedo para que todos possam acompanhar os jogos da seleção brasileira e a procura por camisas da seleção aumenta exponencialmente, ou seja, os anos de Copa do Mundo são verdadeiros eventos extraordinários.
No entanto, infelizmente, esse clima não é reproduzido durante a Copa do Mundo Feminina. O evento, que acontece a cada quatro anos desde 1991, revela o processo lento de reconhecimento do futebol feminino, que só teve sua transmissão televisionada pela TV Globo pela primeira vez em 2018. Essa conquista é significativa, pois, até a edição de 2015, a Copa do Mundo feminina era um evento esportivo de pouca visibilidade e completamente ignorado pelas principais emissoras e mídias do país.
Com o passar dos anos, a participação das mulheres no esporte alcançou um bom potencial, mas ainda está longe de ser suficiente. As mulheres nem sempre são bem-vindas no meio esportivo e, cada vez mais, elas lutam para conquistar seu espaço em diferentes esportes ao redor do mundo.Porém, essa presença é constantemente acompanhada por desrespeito e descrédito.
Apesar de contarmos com grandes nomes no cenário esportivo mundial, a presença feminina não é valorizada da mesma forma que a masculina. Um exemplo disso é o caso da seis vezes vencedora do prêmio de melhor jogadora do mundo da FIFA e camisa 10 da seleção, Marta, que recebe um salário 100 vezes menor do que o camisa 10 da seleção masculina, o jogador Neymar, de acordo com o Jornal O Globo.
A luta por visibilidade no esporte também se estende às jornalistas esportivas, que até recentemente eram consideradas “intrusas” no campo. Jornalistas como Karine Alves, Ana Thais Matos, Isabela Pagliari, Fernanda Gentil, Renata Silveira e muitas outras profissionais importantes no meio esportivo que constantemente enfrentam o ambiente machista que descredita as mulheres que trabalham com esportes. Essas profissionais precisam provar constantemente sua competência para ocupar seu espaço.
As mulheres no esporte estão avançando lentamente em busca da visibilidade que lhes é de direito. Elas são competentes, profissionais e capacitadas. Cada jogadora, jornalista e torcedora merece ter sua credibilidade reconhecida nesse meio. Que a próxima Copa do Mundo sirva como uma oportunidade de conscientizar a sociedade. Vamos torcer juntos pela nossa seleção, celebrar cada chute, cada drible e cada gol feito por elas. Que esta seja a Copa da mudança, que vá além da conquista do troféu. Torcemos pelo respeito, pela credibilidade e pela visibilidade acima de tudo.