quinta-feira, 21 de novembro de 2024

Pense em dois meses consecutivos que tenham 31 dias

A maioria das pessoas pensam em julho e agosto, mas não se dão conta de que dezembro e janeiro também são meses consecutivos com 31 dias.

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A forma em que registramos a passagem do tempo mudou bastante, mas sempre teve relação com os ciclos naturais e a medida em que a humanidade entendia melhor estes ciclos o calendário foi reformado. Estas mudanças geraram “distorções” nos nomes dos meses e na quantidade de dias de um ano e de cada mês. Neste texto vamos tentar esclarecer alguns destes pontos.

Por que a semana tem 7 dias?

Esta talvez seja a quantidade que menos mudou com o passar do tempo. Ela vem da cultura judaica, que se baseia no relato bíblico da criação do mundo. Os romanos utilizavam um calendário de 8 dias na semana, mas adotaram os 7 dias por volta do século I d.C. 

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A relação natural é com o ciclo lunar. Cada fase da lua dura 7,4 dias, mas foi arredondado para 7 a fim de facilitar os cálculos e não foi inserido nenhum ajuste ao longo do tempo.

De onde vem os nomes das semanas?

Em português mantivemos a influência da igreja católica nos nomes. As feiras (segunda-feira, terça-feira..) se referem a semana santa. Antigamente era feriado durante toda a semana santa e o comércio era feito nas ruas, em feiras. O domingo, primeiro dia da semana, é o dia do senhor, o dies Dominica em latim. O segundo dia da semana era a segunda feira e assim por diante até a sexta. O sábado vem do hebraico shabbath, que significa descanso.

Em inglês, por exemplo, as origens são outras:

  • Sunday: em inglês antigo, esse dia era chamado de Sunnandaeg, que significa “dia do Sol”
  • Monday: em inglês antigo, esse dia era chamado de Monandaeg, que significa “dia da Lua”
  • Tuesday: em inglês antigo, esse dia era chamado de Tiwesdaeg, que significa “dia de Tiw”. Tiw era um deus da guerra e do céu na mitologia germânica
  • Wednesday: em inglês antigo, esse dia era chamado de Wodnesdaeg, que significa “dia de Woden”. Woden era o rei dos deuses e o deus da sabedoria na mitologia germânica
  • Thursday: em inglês antigo, esse dia era chamado de Thursdaeg, que significa “dia de Thor”. Thor era um deus do trovão, do relâmpago e das tempestades na mitologia germânica
  • Friday: em inglês antigo, esse dia era chamado de Frigedaeg, que significa “dia de Frigg”. Frigg era uma deusa do lar, do casamento e da fertilidade na mitologia germânica
  • Saturday: em inglês antigo, esse dia era chamado de Saeterndaeg, que significa “dia de Saturno”

Por que doze meses?

Um ano, tempo que a terra leva para dar uma volta completa em torno do sol, tem 365,25 dias. A lua leva 29,5 dias para completar suas 4 fases, o chamado mês lunar. Em um ano temos então 12,38 meses lunares em um ano e foi arredondado para 12 para facilitar.

Mas nem sempre foi assim. Os romanos utilizavam um ano com 10 meses, começando em março e terminando em dezembro, mas isso gerava um calendário muito impreciso e por isso, no século VII a.C., o rei Numa Pompílio acrescentou dois meses ao final do ano, janeiro e fevereiro (sim, fevereiro era no final do ano).

E os nomes dos meses?

Herdamos estes dos romanos

  • Março: era o primeiro mês do ano e homenageava Marte, o deus da guerra.
  • Abril: tinha dois possíveis significados, ou vinha de aperire, que significa “abrir” em latim, referindo-se à abertura das flores na primavera; ou vinha de Aphrilis, uma forma de Aphrodite, o nome grego da deusa do amor, Vênus.
  • Maio: era dedicado a Maia, a deusa da fertilidade e da primavera.
  • Junho: era consagrado a Juno, a deusa do casamento e da maternidade, esposa de Júpiter.
  • Julho: originalmente se chamava Quintilis, pois era o quinto mês do ano. Foi rebatizado em homenagem a Júlio César, o famoso imperador romano que nasceu nesse mês.
  • Agosto: originalmente se chamava Sextilis, pois era o sexto mês do ano. Foi rebatizado em homenagem a Augusto, o primeiro imperador romano e sucessor de Júlio César, que também nasceu nesse mês.
  • Setembro: era o sétimo mês do ano e seu nome vem de septem, que significa “sete” em latim.
  • Outubro: era o oitavo mês do ano e seu nome vem de octo, que significa “oito” em latim.
  • Novembro: era o nono mês do ano e seu nome vem de novem, que significa “nove” em latim.
  • Dezembro: era o décimo e último mês do ano e seu nome vem de decem, que significa “dez” em latim.
  • Janeiro: homenageava Jano, o deus das portas e dos começos, que tinha duas faces: uma olhava para o passado e outra para o futuro.
  • Fevereiro: seu nome vem de februa, que significa “purificação” em latim. Era um mês dedicado aos rituais de limpeza e expiação dos pecados.

Por que os meses têm quantidades de dias diferentes?

Quando o calendário tinha 10 meses, eles tinham 30 ou 31 dias, exceto fevereiro, que tinha 28, pois era considerado um mês de mau agouro. Quando Numa Pompilius adicionou dois meses, ele também reduziu um dia de todos os meses pares, pois os números pares eram vistos como infelizes. Assim, abril, junho, sextilis (agosto), outubro e dezembro ficaram com 29 dias, enquanto março, maio, quintilis (julho), setembro e novembro ficaram com 31. Fevereiro continuou com 28 dias.

Em 46 a.C., o imperador Júlio César reformou o calendário romano, baseando-o no ciclo solar e não no lunar. Ele estabeleceu que todos os meses teriam 30 ou 31 dias, exceto fevereiro, que teria 29 dias a cada quatro anos (o ano bissexto). Ele também mudou o nome do quinto mês para Julius (julho), em sua homenagem. 

Em 8 a.C., o imperador Augusto mudou o nome do sexto mês para Augustus (agosto). No entanto, como agosto tinha apenas 30 dias, enquanto julho tinha 31, ele quis que seu mês tivesse mais um dia também. Para isso, ele tirou um dia de fevereiro, deixando-o com 28 dias na maioria dos anos e é por isso que Julho e Agosto, que são dois meses consecutivos, tem 31 dias.

Qual o critério para que um ano seja bissexto? 

Aqui vamos precisar lidar com um pouco mais de números.

O ano bissexto é aquele que tem um dia a mais do que os anos normais. Ele serve para corrigir a diferença entre o ano solar e o ano civil. A Terra leva, para dar uma volta completa em torno do Sol, 365,2422, arredondando: 365 dias e 6 horas. O ano civil é o tempo que usamos no calendário e tem exatamente 365 dias.

Se não houvesse o ano bissexto, essa diferença de cerca de 6 horas por ano se acumularia ao longo do tempo e faria com que as estações do ano se deslocassem gradualmente no calendário. Por exemplo, depois de 100 anos, sem anos bissextos, o equinócio da primavera aconteceria em meados de fevereiro.

Para evitar esse problema, Júlio César estabeleceu que, a cada quatro anos, seria acrescentado um dia extra ao mês de fevereiro, que passaria a ter 29 dias. Esse dia extra seria o dia 24 de fevereiro, que era chamado de “sexto dia antes das calendas de março” pelos romanos. Por isso, o termo bissexto vem do latim bis sextus, que significa “duas vezes sexto”.

No entanto, o critério de Júlio César ainda não era perfeito, pois fazia com que o ano médio tivesse 365,25 dias, enquanto o ano solar verdadeiro tem cerca de 365,2422 dias. Essa diferença de 11 minutos e 14 segundos por ano também se acumularia ao longo do tempo e faria com que o calendário juliano se atrasasse em relação ao ciclo solar.

Foi por isso que, em 1582, o papa Gregório XIII introduziu o calendário gregoriano, que usamos até hoje. Ele corrigiu alguns erros do calendário juliano e estabeleceu uma nova regra para os anos bissextos. Segundo essa regra, um ano é bissexto se ele for divisível por 4, exceto se ele for divisível por 100 e não por 400. Por exemplo, o ano de 2000 foi bissexto, mas o ano de 2100 não será.

Essa regra faz com que o ano médio tenha 365,2425 dias, que é uma aproximação muito melhor do ano solar verdadeiro. Assim, o calendário gregoriano se mantém mais alinhado com os ciclos da natureza e as estações do ano.

O que aconteceu entre os dias 5 de outubro a 14 de outubro de 1582?

Nada! 

Estes dias não existiram. Com a intenção de corrigir o calendário juliano o papa Gregório XIII introduziu o calendário gregoriano que definiu 4 grandes reformas no calendário:

  • A supressão de dez dias no mês de outubro de 1582, para corrigir o atraso acumulado pelo calendário juliano em relação ao ano solar. Assim, depois do dia 4 de outubro, quinta-feira, veio o dia 15 de outubro, sexta-feira;
  • A mudança na regra dos anos bissextos;
  • A fixação da data da Páscoa cristã como o primeiro domingo após a primeira lua cheia depois do equinócio da primavera (início da primavera) no hemisfério norte. Essa data pode variar entre 22 de março e 25 de abril;
  • A adoção do dia 1º de janeiro como o início do ano civil em todos os países católicos. Antes disso, havia diferentes datas para marcar o começo do ano, como o Natal, a Páscoa ou o dia da Anunciação.

Apesar de tudo isso não dá para entender porque alguns meses do ano parecem ter 45 dias e não acabam nunca, enquanto outros, principalmente nas férias, parecem ter 15 dias.

Comenta aí se você conhecia estes fatos e acontecimentos

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Gustavo Nunes
Gustavo Nunes
Gustavo Nunes é estudioso das inovações tecnológicas e assuntos aleatórios.

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Marcos Paulo Bastos Ribeiro

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