quinta-feira, 21 de novembro de 2024

Futebol feminino passa por evolução no ES, mas a passos lentos

O futebol feminino no Espírito Santo vive um momento de transformação, impulsionado pela crescente valorização da modalidade no Brasil. Em 2024, o Campeonato Capixaba contou com oito equipes, organizadas em dois grupos, criando um forte cenário competitivo e garantindo uma vaga na Série A-3 do Brasileirão.

O time Prosperidade, de Vargem Alta, surpreendeu ao derrotar o Vila Nova e se consagrou campeão, sinalizando um avanço na competitividade e a possibilidade de novas equipes se destacarem no cenário nacional.

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Com um compromisso crescente, a Federação de Futebol do Espírito Santo (FES) transmitiu jogos da seleção brasileira e lançou, pela primeira vez, um Campeonato Sub-17, um passo importante para a base da modalidade. Entretanto, o investimento e a visibilidade para as atletas locais ainda carecem de um fortalecimento mais significativo.

Momento histórico

Após conquistar a medalha de prata nas Olimpíadas de Paris 2024, a seleção brasileira feminina, sob o comando de Arthur Elias, realizará dois amistosos no Espírito Santo nos dias 26 e 29 de outubro, contra a seleção colombiana. A presença dessas estrelas é um marco e uma fonte de inspiração para as jogadoras capixabas, que podem ver suas referências em ação.

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Com a medalha de prata em Paris, a seleção feminina jogará pela primeira vez no Espírito Santo. (Rafael Ribeiro CBF)

Duda Sampaio, uma das estrelas da seleção, destacou a evolução do futebol feminino no Brasil — especialmente em São Paulo — onde o investimento é mais robusto. Em entrevista, Duda ressaltou a importância da persistência e do trabalho árduo para que as jovens atletas alcancem seus objetivos.

“Acho que espero que eu possa contribuir para essas meninas, falar que, mesmo que seja difícil, é preciso continuar trabalhando, buscando nossos sonhos” , Duda Sampaio.

“Fala, professor”

Arthur Elias, técnico da seleção brasileira, enfatiza a importância da formação das categorias de base e a criação de uma estrutura sólida para o desenvolvimento do futebol feminino. Ele acredita que uma boa formação técnica e social é fundamental para preparar jogadoras competitivas.

O técnico conclui que as jovens atletas merecem oportunidades que abarquem não apenas o treinamento atlético, mas também o desenvolvimento pessoal, essencial para seu crescimento no esporte.

A lateral-esquerda Tamires, campeã pelo Corinthians, também levanta preocupações sobre a falta de suporte para atletas em regiões mais remotas, dificultando o desenvolvimento contínuo das jogadoras. Para ela, o respaldo da CBF e a criação de campeonatos de base são cruciais para reter talentos no futebol feminino.

Desafios e esperança

Tuanny Salvador, uma das principais jogadoras do Espírito Santo, observa que a modalidade ainda enfrenta grandes desafios, especialmente em termos de patrocínio e reconhecimento. Embora haja progresso, ela entende que ainda há muitos obstáculos a serem superados.

“É muito difícil você ver uma empresa patrocinando a modalidade feminina no estado, mudar o cenário dentro do Estado vai demorar muito ainda”, Tuanny Salvador.

Partida entre Vila Nova e Vasco no Kleber Andrade
Partida entre Vila Nova e Vasco no Kleber Andrade. (Henrique Montovanelli/FES)

Larissa Scaramussa, jogadora do time campeão de 2024, acredita que a chegada da seleção nacional pode trazer um impacto positivo ao esporte local, atraindo patrocinadores e apoiadores para o futebol feminino no Espírito Santo.

“A vinda da seleção inflama os corações de todas as meninas que jogam futebol no nosso Estado, que com certeza já sonharam alguma vez em vestir essa camisa”, Larissa Scaramussa.
Avanços e limitações

Apesar de avanços importantes, como o Campeonato Capixaba Sub-17, a modalidade ainda enfrenta a falta de estrutura profissional. Dados da CBF mostram que no Brasil existem cerca de 7,3 mil jogadoras amadoras e apenas 801 em times profissionais. Em Espírito Santo, a cada vez mais limitada base de jogadoras representa um entrave para a formação de futuras atletas.

A equipe do Prosperidade sagrou-se campeão do Capixabão Feminino deste ano

A equipe do Prosperidade sagrou-se campeão do Capixabão Feminino deste ano. (@prosperidadefc)

Um diagnóstico do Ministério do Esporte em 2023 destaca que 84% das jogadoras em categorias de base estão nas regiões Sul e Sudeste, limitando oportunidades para jovens atletas de outras localidades como o Espírito Santo, onde a competição e o reconhecimento ainda são escassos.

Futuro

O Brasil foi escolhido como sede da Copa do Mundo Feminina de 2027, e a conquista da prata em Paris gerou otimismo sobre a valorização do futebol feminino. Esses fatores podem impulsionar investimentos na modalidade, abrindo novas oportunidades para o futebol capixaba, que precisa do apoio contínuo de clubes e empresas locais para se tornar autossustentável.

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Marcos Paulo Bastos Ribeiro

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