A indústria do entretenimento produz aquilo que dá lucro, não sejamos inocentes. Mas será que dar o que o fã quer é realmente o melhor caminho? Vamos passar por algumas situações para entender melhor.
De Julho pra cá foram lançados nos cinemas os filmes: Meu malvado favorito 4; Twisters; MaXXXine; Como vender a lua; Deadpool & Wolverine; Pequenas cartas obscenas; O exorcismo; É assim que acaba; Borderlands; Alien Romulus; O Corvo; Tipos de gentileza; Longlegs; Os fantasmas ainda se divertem; Não fale o mal; Golpe de sorte em Paris; Coringa loucura a dois; Sorria 2; A Substância; Robô selvagem; Divertida mente 2; Transformers o início.
Desses 22 lançamentos, dois são tentativas de lançar uma nova saga nos cinemas. O primeiro é “Borderlands”, baseado em uma franquia de jogos, que teve um desempenho decepcionante nas bilheterias. E o segundo “É assim que acaba”, baseado em um livro da autora Colleen Hoover, este específico talvez não teria tanto sucesso nas bilheterias, se não fossem os fãs e as polêmicas que envolvem os bastidores do filme. Ambos têm o mesmo objetivo, testar a recepção dos fãs dessas obras e se der lucro, fazer mais produções.
Ainda sobram 20 lançamentos! Dois são remakes, ou seja, aquelas apostadas que a indústria sabe que vai dar lucro pela nostalgia, são eles “O Corvo” e “Twisters”. Um é a versão americanizada do filme dinarmarquês “Speak no evil”, com o mesmo nome “Não fale o mal”, que divide opiniões se seria uma obra necessária, já que o original é de 2022, e conta críticas do diretor do original, Christian Tafdrup.
O gênero de terror tem as suas criações novas, “Longlegs” e “O exorcismo”, com um marketing pesado nos nomes que trabalham no filme, o primeiro dirigido pelo filho do autor de Psicose e estrelado por Nicolas Cage, e o segundo estrelado pelo grande Russel Crowe.
Como tudo não é marketing, dos 15 lançamentos que sobram, 9 são sequências – porque continuações levam pessoas ao cinema? Fazem matérias só informando as continuações que sairão no ano. Alguns são flops enormes para os fãs, como “Coringa delírio a dois”, enquanto outros são recordes de bilheteria, como “Divertida mente 2”.
Sejamos realistas, qual lançamento é mais comentado, “A substância” ou “Deadpool & Wolverine”?
Apesar das críticas positivas sobre algumas das obras – “Robô selvagem” e “A Substância” -, os tabloides e as redes sociais são inflados pelas mesmas obras. Questiona-se até a demora para sair as continuações mais aguardadas do cinema. Há uma saturação nos filmes de herois, mas continuam lançando um ou dois filmes por ano, será que o público cansou mesmo dos filmes de herois?
A lógica de Hollywood é óbvia: “fale bem ou fale mal, dando lucro, tá ótimo”. Os filmes que apelam para a nostalgia, para continuações, para aquilo que o público já conhece, vai sempre dar mais burburinho. Nada tem haver com a qualidade da obra ou com a expectativa da audiência, o projeto só será engavetado se der prejuízo. Mas até que ponto vale dar o que o fã quer? Um exemplo bom para refletir isso é o “Coringa delírio a dois”, que frustrou as expectativas daqueles fãs mais fervorosos, sejam eles fãs de quadrinhos, de herois, de vilões, os famigerados nerds. Influenciadores ganham ibope estendendo o assunto à exaustão, “é meio inútil, meio musical”, entre outros punhados de vídeos que você pode encontrar facilmente no YouTube e nas redes sociais. Enquanto poucos fazem análises mais profundas.Outra fala recorrente é que o público não entendeu e gente pra dar opinião, sem ser solicitado, é o que não falta. Mas será que você já se perguntou: o quanto quero ver continuações das mesmas histórias?