sábado, 21 de dezembro de 2024

Relatório destaca desigualdades alimentares e econômicas no Brasil

Pelo menos 12,5% das mulheres negras enfrentam insegurança alimentar moderada e grave, conforme o último relatório do Observatório Brasileiro das Desigualdades, divulgado nesta terça-feira (27) durante um evento na Câmara dos Deputados, em Brasília. A insegurança alimentar moderada refere-se à dificuldade em obter alimentos, enquanto a grave está associada à fome.

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O membro do Pacto Nacional pelo Combate às Desigualdades, Oded Grajew, destacou a evidência clara de que grupos mais desfavorecidos, como mulheres e pessoas negras, são os mais afetados. Entre os homens negros, 12,3% enfrentam insegurança alimentar, enquanto para os não negros, a porcentagem é de 5,8% para mulheres e 5,5% para homens.

O relatório também revela que o rendimento médio mensal das mulheres negras é de apenas 42% do rendimento dos homens não negros, e a taxa de desemprego entre elas é de 11,5%, comparada a 5,2% entre homens não negros.

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Grajew, fundador e conselheiro emérito do Instituto Ethos, sublinhou que a interseção de raça e gênero exige atenção especial. O relatório também aponta um aumento na proporção de crianças indígenas com desnutrição: 16,1% entre meninos e 11,1% entre meninas.

“Combater a desigualdade exige mudar as prioridades e investir onde é mais necessário. É crucial dar atenção prioritária aos grupos mais vulneráveis e marginalizados, como a população negra e as mulheres”, afirmou Grajew. Ele observou que, embora a situação tenha melhorado para os mais pobres, a desigualdade ainda persiste e, em alguns casos, até aumentou.

Aspectos Positivos

Apesar das preocupações, o relatório também aponta aspectos positivos. Destaca-se uma redução de 40% na proporção de pessoas em extrema pobreza, com a maior queda ocorrendo entre mulheres negras. Além disso, o desemprego caiu 20% e houve um aumento real de 8,3% no rendimento médio de todas as fontes. A proporção de mulheres negras de 18 a 24 anos no ensino superior subiu para 19,2%, representando um crescimento de 12,3% em relação ao ano anterior.

Grajew sugere que a solução está em aperfeiçoar as políticas públicas e o sistema fiscal e tributário para garantir que os recursos não se concentrem apenas nos mais ricos. “Países que promovem a igualdade social têm sistemas fiscais que ajudam a reduzir a desigualdade.”

Percepção da Desigualdade

Outro levantamento, realizado pelo Instituto Cidades Sustentáveis e pelo IPEC, abordou a percepção de desigualdade no Brasil. A pesquisa revelou que o número de pessoas que precisam realizar atividades extras, como “bicos”, para complementar a renda caiu de 45% em 2022 para 31% em 2023 e 2024, equivalente a cerca de 50 milhões de pessoas. A pesquisa abrangeu mais de 129 cidades e incluiu 2 mil entrevistas.

Igor Pantoja, coordenador de Relações Institucionais do Instituto Cidades Sustentáveis, expressou preocupação com a possibilidade de que essa situação de ter múltiplos empregos se torne o novo normal. Apesar disso, mais de 70% das pessoas relataram melhorias nas condições de vida em relação aos pais. No entanto, quando questionados sobre as melhorias nos últimos cinco anos, a percepção de avanço diminui, especialmente entre as classes D e E.

Pantoja observou que, embora haja progresso geral, é fundamental que as melhorias também alcancem aqueles em situações mais precárias para realmente avançar na redução da desigualdade.

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