Um termo que vem se popularizando no Brasil é o “fast fashion”. Assim como o “fast food”, que em uma tradução literal significa comida rápida, fast fashion é moda rápida. Um modo de produção de roupas em massa, com grande adesão de consumo e descarte rápido.
Este termo está em alta desde 2021 com a ascensão da loja online Shein, no Brasil, uma plataforma que vende roupas, de vários estilos, com numerações do extra PP ao extra GG por um preço muito baixo.
Muitas pessoas optam pelo fast fashion não só pelo preço, mas pela variedade de estilos e principalmente de tamanhos. Sendo esta, uma questão que merece debate. A moda deve ser inclusiva, não excludente, porque a moda é política.
Durante muito tempo, e ainda nos dias atuais, existe uma valorização consciente e inconsciente pelo corpo magro, principalmente, se tratando de espaços na indústria da moda. Grandes marcas, até hoje, não incluem pessoas gordas em suas campanhas e continuam fabricando roupas para o corpo padrão. E esse fator exclui a possibilidade de uma pessoa querer usar uma roupa por não ter o seu tamanho.
Essas pessoas, acham no fast fashion, uma saída para poderem expressar quem elas são pelas roupas. As peças que encontram são sinônimo de inclusão e de representatividade. E olhando por este lado, o fast fashion é lindo.
A moda é um retrato do tempo em que vivemos. Por isso, conseguimos identificar a influência das eras pelo modo de vestir. Como associamos que o vestido de bolinha é dos anos 60, a calça boca de sino dos anos 70 e a calça de cintura baixa dos anos 90. A moda é um reflexo de um tempo histórico.
Dessa forma, tentar esconder as diferenças, neste caso os corpos de vários tamanhos e o poder aquisitivo dos brasileiros, é fugir do tempo presente e do entendimento de que há espaço na moda para todos apesar das diferenças.
Mas qual é o dilema do Fast Fashion?
Ao mesmo tempo que esse modo de produzir promove a inclusão e acesso das camadas populares às mercadorias, ele também gera uma grande quantidade de lixo e condições análogas à escravidão, para os trabalhadores das fábricas.
No século XX, era comum que as marcas de roupas lançassem apenas duas coleções anuais. A coleção Primavera/Verão e a Outono/Inverno. Ou seja, o tempo de se produzir e consumir um vestuário novo era completamente diferente do que temos hoje. No mundo atual, são lançadas inúmeras coleções por ano. Não apenas no universo do fast fashion, mas também nas marcas da “alta moda” como Louis Vitton, Gucci e Prada.
Antes, era comum que se comprassem roupas que durariam anos, um casaco que duraria no mínimo uns 6 invernos. Hoje, as pessoas compram um casaco por inverno, sempre um novo todo ano. E isso também vale para outras peças de outras estações.
Tem um date? Compre uma blusa. Tem uma entrevista de emprego? Compre uma calça. Tem que ir na padaria? Compra uma sandália nova. Moda rápida. Velocidade atordoante.
Com as novas tendências que surgem todos os dias, as roupas são descartadas muito mais rápido, porque precisam acompanhar o que está em alta. E, nesse sentido, as empresas nacionais e globais de fast fashion contribuem para uma grande geração de lixo têxtil, prejudicial ao meio ambiente. Esse é o dilema do fast fashion.
A lógica da indústria fast fashion é o cerne do capitalismo. Ao mesmo tempo em que inclui e torna acessível uma mercadoria, também incentiva a simbiose consumo e descarte excessivos; e condições análogas à escravidão para os funcionários.
Show de abordagem! Inclusão cabe em tudo!Parabens pelo artigo!
Parabéns pela beleza dssta matéria. Muito esclarecedora. Eu nem sabia que tinha esse nome, aprendi agora com você.
Boa reflexão Luísa! Parabéns!!!!
Parabéns Maria Luisa. Arrasou como sempre!