O recém-empossado ministro da Segurança Interna de Israel, Itamar Ben-Gvir, esteve nesta terça-feira (3) o complexo da mesquita al-Aqsa em Jerusalém. A visita, no entanto, apesar de breve, gerou uma crise diplomática e uma onda de declarações contrárias ao que foi visto como uma provocação contra palestinos.
“O governo israelense do qual sou membro não se renderá a uma organização assassina vil”, escreveu Ben-Gvir em uma publicação no Twitter. “O Monte do Templo [nome judeu do complexo] está aberto a todos, e se o Hamas pensa que ameaças vão me deter, que entendam que os tempos mudaram. Há um governo em Jerusalém!”
Durante os 15 minutos em que caminhou pelo complexo, o ministro esteve cercado por uma equipe de segurança. De acordo com autoridades de Israel, sua visita obedece ao acordo que prevê que não muçulmanos podem visitar a mesquita, desde que não rezem no local.
Além da declaração contra o Hamas, facção que Israel considera terrorista e que domina a Faixa de Gaza, o ato de Ben-Gvir se insere em um contexto de tensão crescente na Cisjordânia. Horas antes da visita, soldados israelenses mataram a tiros um adolescente palestino de 15 anos, de acordo com autoridades palestinas e testemunhas. O Exército de Israel confirmou que “uma pessoa foi atingida” —sem dar detalhes sobre a vítima— em resposta a “explosivos, bombas incendiárias e pedras lançadas contra os soldados”.
A Palestina e ao menos três países se referiram à visita do ministro como um ataque. O Ministério das Relações Exteriores palestino disse que “condena veementemente o ataque à mesquita de Al-Aqsa pelo ministro extremista Ben-Gvir e o vê como uma provocação sem precedentes e uma perigosa escalada do conflito”.
Os Emirados Árabes Unidos, com quem Israel assinou um acordo de normalização de relações diplomáticas em 2020, também condenaram o ato. A diplomacia da Arábia Saudita fez o mesmo e, sem citar nominalmente o ministro, chamou sua visita de “ação provocativa”.
A Jordânia, que tem oficialmente o papel de guardiã da mesquita de al-Aqsa e de outros lugares sagrados de Jerusalém, condenou a visita de Ben-Gvir “nos termos mais severos” e afirmou que isso configura uma “violação da santidade” do local, bem como do direito internacional e do “status quo histórico e legal em Jerusalém”.