A revista Rolling Stone divulgou sua lista com 200 maiores cantores e cantoras da história da música. O Brasil aparece com três nomes – Caetano Veloso, Gal Costa e João Gilberto, que aparecem ao lado de nomes como Aretha Franklin, que brilha na primeira posição, Whitney Houston, Ray Charles, Mariah Carey e Beyoncé.
João Gilberto (1931-2019) figura na 81ª posição e na avaliação da revista, feita pelo jornalista argentino Ernesto Lechner, ganha destaque por sua importância na divulgação da música latina para o mundo. “Um dos movimentos culturais mais poderosos a sair da América Latina, a bossa nova contou com três arquitetos fundadores: Antônio Carlos Jobim foi o compositor, Vinicius de Moraes, o letrista, e João Gilberto, seu discreto cantor e violonista”, afirma.
Para o argentino, João foi “da sutileza cosmopolita: o carioca murmurava e sussurrava com uma desenvoltura que fazia cada música parecer uma reunião casual de amigos”. E continua: “Esse estilo – sua poesia e calor – combinava perfeitamente com as narrativas da bossa sobre a contemplação da vida na praia de Copacabana. O álbum de estreia de Gilberto em 1959 deu o tom para a revolução que se seguiu.”
Gal Costa (1945-2022) é a 90ª e, sobre ela, Ernesto Lechner afirma: “Em 1971, Gal Costa gravou Sua Estupidez, uma balada sentimental do cantor Roberto Carlos, e a transformou em uma declaração de partir o coração de beleza e arrependimento. Tal era o poder transformador de sua voz. Como uma luminosa rainha Midas, a diva baiana transformava em ouro tudo o que tocava: Tropicália de olhos arregalados (Baby, clássico brasileiro do final dos anos 1960), samba-rock sexy (Flor de Maracujá), exuberante carnaval frevo (Festa do Interior) e bossa funkificada (sua leitura de 1979 do padrão Estrada do Sol é tão exuberante e mística que beira o surreal).”
Caetano Veloso ocupa o posto 102 e teve avaliação do escritor norte-americano Michaelangelo Matos. Segundo ele, brasileiro é “o principal cantor e compositor do Brasil, equivalente de Bob Dylan, um roqueiro revolucionário com inclinação literária”.
Segundo o autor, “Caetano Veloso é um artista que é um mestre, sua voz aveludada e inteligência palpável dando um impulso mesmo – especialmente – quando ele está deitado e murmurando. Mas ele também é encantador quando acelera o ritmo e lança gritos e trinados emocionantes – e ele transmite tudo em inglês e também em português do Brasil.”