quarta-feira, 9 de abril de 2025

Golpismo de 8 de janeiro pede reforma nas Forças Armadas

A falta de responsabilização pelas ações da ditadura militar brasileira, que ocorreu de 1964 a 1985, e de tentativas de golpes ao longo da história nacional criou um ambiente propício para o movimento golpista que culminou no 8 de janeiro de 2023, segundo a análise de especialistas. Nesse contexto, a reforma das Forças Armadas se torna uma necessidade urgente para garantir a saúde democrática do país.

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Militares e o destino do país

Especialistas em ciências sociais ressaltam que a crença dos militares na sua função de definir o rumo do país, independentemente da vontade popular, serviu de base para os movimentos golpistas, tanto em 1964 quanto após as eleições de 2022. A falta de prestação de contas historicamente presente no ambiente militar não só legitima, mas também encoraja a conspiração contra a democracia. O cientista político Rodrigo Lentz, especialista no pensamento militar brasileiro, destaca que essa conexão entre diferentes períodos históricos revela a ausência de accountability.

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Reforma necessária nas Forças Armadas

A professora de história brasileira da Universidade Federal de Uberlândia, Carla Teixeira, analisa que a continuidade da tutela militar sobre a sociedade é um sinal claro de que reformas nas Forças Armadas são essenciais. Ela enfatiza que as instituições precisam servir aos interesses do país e não a interesses corporativos, o que se reflete na atual estrutura das forças armadas.

Conforme Lentz, reformas estruturais na organização das Forças Armadas são imprescindíveis, uma vez que o poder político que foi consolidado até 1964 nunca foi completamente desmantelado. A nova constituição de 1988 não promoveu a democratização que o país necessitava, permitindo a politização da caserna e a militarização da política.

Julgamento histórico no STF

Recentemente, o julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) do ex-presidente Jair Bolsonaro, por tentativa de golpe de Estado e a inclusão de militares no processo, representa um marco na história brasileira. No entanto, Carla Teixeira vê isso como um recuo tático das Forças Armadas para evitar reformas significativas, ressaltando que é a primeira vez que militares são julgados em tribunais civis no Brasil.

Desorganização da direita e reestruturação política

A especialista aponta que a desorganização do campo da direita durante o governo Bolsonaro é a razão pela qual os golpistas estão sendo julgados agora, quando em outras tentativas de golpe, como a de 1961, não houve o mesmo desfecho. O julgamento atual não busca apenas preservar a democracia, mas também reorganizar a direita política para o futuro.

Separação entre indivíduos e instituições

Carla Ferreira observa que o julgamento pode ser visto como uma estratégia para dissociar os indivíduos envolvidos nas tentativas de golpe da instituição militar como um todo. Essa separação busca isentar a instituição de responsabilidades. No entanto, ela alerta que, na prática, as Forças Armadas têm uma participação ativa, tanto por ação quanto por omissão, nos eventos que levaram à invasão do Palácio do Planalto em 8 de janeiro.

Essas considerações indicam que a reforma das Forças Armadas é um tema central para a salvaguarda da democracia e para garantir que eventos como os de 8 de janeiro não se repeitam.


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