O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou recentemente que não vê problemas em realizar uma conversa com o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para discutir tarifas comerciais entre os dois países. A declaração ocorreu em Hanói, durante uma visita oficial ao Vietnã e antecede a implementação de novas taxas norte-americanas, programadas para entrar em vigor no dia 2 de abril.
Lula destacou que está aberto ao diálogo, afirmando: “Se eu sentir a necessidade de ligar para o presidente Trump, não terei problema algum em fazê-lo”. Ele também mencionou a reciprocidade no contato, esperando que Trump não hesite em se comunicar se considerar relevante. Essa abertura para o diálogo é importante, mesmo diante de diferenças ideológicas.
Negociações Comerciais e a OMC
O presidente brasileiro, que já manifestou a intenção de recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC) contra as tarifas impostas pelos Estados Unidos, enfatizou a prioridade do Brasil em buscar soluções pacíficas para garantir um comércio livre com os norte-americanos. Lula comentou sobre reuniões anteriores entre representantes brasileiros e autoridades dos EUA, mencionando que a diplomacia deve prevalecer antes de considerar disputas legais.
Desde março, o Brasil já enfrenta tarifas de 25% sobre suas exportações de aço e alumínio para os EUA, e a imposição de uma nova taxa sobre automóveis fabricados fora do país pode agravar a situação. O presidente alerta que ações unilaterais podem ter consequências indesejadas para a economia americana, ressaltando a importância de uma abordagem colaborativa no comércio internacional.
Resultados da Visita ao Vietnã
Durante a viagem ao Vietnã, Lula conseguiu abrir o mercado vietnamita para a carne brasileira e fez um convite para que o Vietnã participe da cúpula dos Brics neste ano. Além disso, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, mencionou a meta de atingir um comércio bilateral de US$15 bilhões até 2030, o que representa um aumento significativo em relação ao fluxo de comércio anterior.
Oportunidades para a Embraer e a JBS
Lula também discutiu a possibilidade de a Embraer vender até 50 aeronaves no Vietnã, afirmando que estaria em contato constante com autoridades vietnamitas para concretizar a proposta. Informações recentes indicam que a Embraer está em negociações para a venda de jatos E190 para a Vietnam Airlines.
Além disso, houve avanços para a JBS, que está considerando construir uma fábrica de processamento de carne no Vietnã, sinalizando um potencial crescimento nas operações da empresa na Ásia. A formalização do mercado para a carne brasileira e investimentos esperados na infraestrutura de processamento no país são resultados promissores dessa visita.
A viagem de Lula ao Vietnã, que incluiu empresários e autoridades, alinhou-se com a estratégia de fortalecer relações comerciais na região e explorar novas oportunidades para produtos brasileiros.