Certo dia me deparei com uma postagem nas redes sociais, com o tema “Sobre desagradar e manter uma persona boa de si mesmo”, o assunto logo me chamou a atenção, ainda mais voltado para a psicologia. Meu psicólogo sempre fala para não gastar energia psíquica com aquilo que me faz mal. E esse “desagradar” pode economizar muita energia psíquica.
Muitas pessoas são ensinadas desde a infância a obedecer e agradar, sem questionamentos, como se ser submisso (a) e aceito (a) pela maioria fosse sinônimo de ser amado (a) e bem sucedido (a), mesmo que você se sinta um lixo tentando agradar os outros. Isso pode ser algo simples, como não saber falar “não”, não estabelecer limites em relações sociais, entre outras situações que só são desagradáveis pra quem tenta agradar. Quem nunca conheceu uma pessoa que não sabe falar “não”? Talvez você seja essa pessoa.
Aliás, quem te disse que é ruim desagradar? Vamos mergulhar um pouco mais nessa discussão e refletir juntos por que, às vezes, desagradar os outros pode ser muito bom.
Sabemos que todos têm expectativas, principalmente quanto ao comportamento de outras pessoas, geralmente daquelas pessoas que estão no nosso dia a dia. Quem nunca se frustrou achando que fulano agiria de um jeito e ele agiu do jeito que você não esperava? Faz parte da vida, mas nós também frustramos as expectativas dos outros, também agimos da maneira que o outro não espera. O problema está em como reagir, se esse desagradar te faz mal ou não.
Se a sua reação traz desgaste emocional, ansiedade ou depressão, você pode estar priorizando agradar os outros em detrimento de si. E às vezes, ou muitas vezes, a situação em si não diz respeito a você, mas as expectativas que tinham de você, talvez faltou definir limites com essa pessoa ou faltou falar vários “não” pra pessoa não achar que você está sempre disponível.
Acabamos esquecendo que o bem-estar é um recurso valioso que não devemos esgotar para suprir as demandas externas. Se você não quer ir na festa da sua amiga, fale “não”, não é preciso dar desculpas, pois muitas pessoas confundem em dizer “não” com desculpas esfarrapadas, como se fosse melhor dizer “ah aconteceu um negócio aqui”, “ah tenho que limpar minha casa”. Saiba que dá pra perceber se você está dando desculpas para não ter que dizer “não”, quando realmente um imprevisto acontece, ainda mais se for uma pessoa próxima, a riqueza de detalhes sobre o imprevisto é algo que não cabe em uma mentira. Sempre achei melhor ser direta, mas hoje tento fazer menos corpo mole, se me perguntam se iria na festa e não estivesse afim, simplesmente diria “não quero ir na festa”, mesmo que insistissem “porque não?”, “porque hoje eu não quero, não tô afim”. Quem realmente gosta de você, não vai se abalar com os “não” que você falar.
A coragem de desagradar é também se auto resguardar. Ao dizer “não”, você estabelece barreiras saudáveis que protegem sua psiquê. Podemos então dizer que o conceito de “desagradar” é um ato de amor próprio e respeito por si mesmo. É dar-se a permissão de se priorizar, sem culpa. Afinal, a busca incessante por aprovação pode ser uma barragem para o autoconhecimento e crescimento pessoal.
Abraçar a ideia de desagradar os outros pode ser libertador, pode e muito ajudar no caminho para um estado mental mais saudável e equilibrado.
Refletindo sobre todos os aspectos mencionados, percebemos que, no fim das contas, desagradar não é sinônimo de egoísmo, mas sim de se cuidar. Lembre-se: você não é responsável pelo que os outros pensam de você, mas é absolutamente responsável por como você cuida de si mesmo.