Na manhã desta quinta-feira (21), o governo da Ucrânia afirmou que a Rússia realizou um ataque inédito ao lançar um míssil balístico intercontinental (ICBM) contra Kiev. Esse tipo de armamento é conhecido por seu longo alcance — capaz de atravessar milhares de quilômetros — e pelo potencial de transportar ogivas nucleares, o que torna o episódio alarmante em termos de escalada militar.
Embora ainda não haja informações detalhadas sobre o modelo exato do míssil utilizado, a natureza de um ICBM sugere que a ação representa um uso até então incomum dessa tecnologia em conflitos diretos. Esses mísseis são projetados para atingir alvos a grandes distâncias e podem carregar não apenas ogivas nucleares, mas também armamentos convencionais, químicos ou biológicos.
Os mísseis balísticos intercontinentais possuem um alcance mínimo de 5,5 mil quilômetros, podendo ultrapassar os 9 mil quilômetros. Operados por potências militares, eles seguem três fases de voo distintas, de acordo com o Air and Space Power Centre, da Austrália:
– Fase de reforço (3 a 5 minutos): O míssil ganha impulso inicial, alcançando velocidades de 4 km/s a 7,8 km/s. A altitude ao final dessa etapa varia entre 150 e 400 quilômetros. Mísseis de combustível sólido completam essa fase mais rapidamente que os de combustível líquido.
– Fase intermediária (cerca de 25 minutos): Em uma trajetória suborbital elíptica, o míssil pode liberar múltiplas ogivas e mecanismos de penetração, como chamarizes ou revestimentos metálicos, para driblar sistemas de defesa.
– Fase de reentrada (2 minutos): A partir de uma altitude de aproximadamente 100 quilômetros, o míssil retorna à atmosfera e atinge o alvo a velocidades de até 7 km/s.
Esses mísseis podem ser lançados de silos fixos ou veículos móveis, utilizando combustível líquido ou sólido. Os modelos movidos a combustível sólido são considerados mais perigosos devido à rapidez de seu lançamento.
Atualmente, apenas sete países possuem ICBMs em seus arsenais: Rússia, Estados Unidos, China, França, Índia, Reino Unido e Coreia do Norte. O uso de um armamento tão sofisticado em um ataque direto levanta questões sobre o rumo da guerra e o impacto dessa estratégia nas relações internacionais e na segurança global.
As autoridades ucranianas e analistas internacionais continuam monitorando o incidente, que representa um potencial ponto de inflexão no conflito entre os dois países.