Uma nova espécie de árvore da família Lauraceae, conhecida por incluir plantas como caneleiras, abacateiros e louros, foi descoberta no Monumento Natural Estadual Serra das Torres (Monast), unidade de conservação gerida pelo Instituto Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema), no Espírito Santo. Batizada de Aiouea myrmecophila, a descoberta contribui para o entendimento da rica biodiversidade da Floresta Atlântica capixaba.
O achado, publicado na revista científica Feddes Repertorium, é fruto do trabalho dos pesquisadores Marcelo Leandro Brotto, do Museu Botânico Municipal de Curitiba, e Pedro Luís Rodrigues de Morais, da Universidade Estadual Paulista (Unesp). A nova espécie chamou a atenção pela interação incomum com formigas: as observações indicam que esses insetos habitam apenas os ramos onde ficam as folhas, perfurando a madeira para criar túneis e pequenas “janelas” de saída. O nome myrmecophila vem do grego e significa “amiga das formigas”, refletindo essa relação simbiótica.
A Aiouea myrmecophila apresenta características peculiares, como folhas grandes, de 16 a 35 centímetros de comprimento, flores verdes diminutas de 3 milímetros e frutos elípticos de até 1,5 centímetro. A árvore pode atingir 12 metros de altura e cresce nas áreas sombreadas da floresta.
Segundo Guilherme Carneiro, gestor do Monumento Natural Serra das Torres, essa descoberta só foi possível graças ao apoio do Iema e ao trabalho de conservação da unidade. “A área é essencial para preservar a espécie, que foi registrada em apenas cinco localidades e uma delas é o Monast”, afirma Carneiro.
Com apenas cinco exemplares conhecidos, os pesquisadores alertam que a Aiouea myrmecophila está em risco de extinção, reforçando a importância da conservação da Floresta Atlântica, habitat de várias espécies endêmicas e com distribuição restrita. Essa descoberta sublinha o papel crítico das áreas protegidas para a preservação da biodiversidade local e a continuidade de espécies como a “amiga das formigas”.