O Banco Central divulgou em seu relatório trimestral que a probabilidade de a inflação ultrapassar o teto da meta deste ano é de 83%, um aumento significativo em relação aos 57% registrados em dezembro de 2022.
A projeção de inflação do BC para este ano é de 5,8%, enquanto o alvo fixado pelo CMN para 2023 é de 3,25%. Se confirmado o estouro, será o terceiro ano consecutivo que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – IPCA fica acima do limite a ser perseguido pelo BC.
Alguns dos principais fatores que levaram à revisão para cima das projeções de inflação foram a elevação das expectativas e a revisão das projeções de tarifas de energia elétrica.
O relatório também revisou a previsão de crescimento do PIB para este ano, que subiu de 1% para 1,2%.
Em um cenário alternativo, no qual a taxa básica de juros (Selic) é mantida constante ao longo de todo o horizonte relevante, a estimativa de inflação é de 5,7% para este ano.
O Banco Central informou que no trimestre encerrado em fevereiro, o IPCA apresentou variação 0,42 ponto porcentual abaixo do cenário de referência apresentado no relatório anterior. “Foi determinante para a surpresa que a reoneração dos impostos federais sobre combustíveis, então prevista para ocorrer no início de janeiro, só viesse a ocorrer em março, parcialmente”, afirma.
Mas afinal, o que realmente esses 83% significam?
Descomplicando por Breno Zini:
O Brasil trabalha com o sistema de metas de inflação e por isso o Banco Central foca unicamente em controlar a inflação para garantir essa meta.
Para este ano a meta a ser mantida é de 3,25% podendo chegar até a 4,75% ou 1,75%.
Porém, pelas projeções, analisando o andamento da economia, do mercado e também dos acontecimentos na política, não vão conseguir.
Por isso há cerca de 83% de chances dessa meta ser ultrapassada, estourar. Na tentativa de controlar a situação, o BC está mantendo as taxas de juros altas para tentar controlar essa inflação. Você pode estar se perguntando, mas isso não faz sentido?
Sim, realmente não faz, mas é o único instrumento “aceito” pelo mercado para controle da inflação.