quinta-feira, 03 de outubro de 2024

Perdas bilionárias, compra do Twitter e polêmicas: o ano de Elon Musk foi cheio de turbulência

O ano de 2022 foi uma montanha-russa de emoções para Elon Musk, para dizer o mínimo. O empresário perdeu bilhões com a desvalorização das ações da Tesla, chegou a perder também o título de homem mais rico do mundo, e terminou no posto de dono e presidente do Twitter, uma plataforma agora inundada por controvérsias e polêmicas.

Todos esses detalhes ocorreram em um ritmo alucinante, boa parte deles iniciada pelo próprio Musk, um sujeito que gosta de estar no centro dos holofotes.

Apesar de ser conhecido por comandar a fabricante de carros elétricos Tesla e a empresa aeroespacial SpaceX, o ano do bilionário ficou marcado pelo envolvimento dele na rede social.

Em meados de abril, Musk fez uma proposta de compra integral da plataforma, por US$ 43,2 bilhões. Se aceita pelos acionistas, a empresa teria seu capital fechado e suas ações não seriam mais negociadas em bolsas de valores. Antes da proposta, o bilionário havia comprado 9,2% das ações da plataforma, o que fez a cotação da empresa subir cerca de 20%.

Na época, muitos se perguntaram dos motivos que levaram o bilionário a fazer uma proposta do tipo. O fato é que Elon Musk sempre teve uma relação próxima com a rede social, onde ele faz anúncios e fala diretamente a uma legão de fãs e apoiadores.

Lança-chamas

Em 2018, por exemplo, ele anunciou a comercialização de um lança-chamas de brinquedo para financiar a Boring Company, uma empresa que prometeu revolucionar os sistemas de trânsito com túneis que transportavam carros e aliviavam o tráfego.

A empresa até hoje nunca entregou o que prometeu na Califórnia, onde testes foram autorizados, e o lança-chamas se tornou um caso de polícia, por ser considerado uma arma e não um brinquedo.

Para um empresário capaz de ganhar milhões com anúncios do tipo, a compra de uma rede social pequena, mas influente, parecia o passo natural. Mas as coisas se complicaram meses depois…

Alegando informações falhas sobre bots e contas falsas, Elon anunciou em julho que desistira da compra do Twitter — uma operação que já fora aprovada pelo conselho de acionistas da empresa.

Em 12 de julho, o Twitter processou o sul-africano pela quebra do acordo e o chamou de “hipócrita”, além de alegar que a desistência causaria danos irreparáveis à empresa.

Após a batalha judicial esquentar, o empresário voltou atrás novamente e revelou que iria sim comprar a rede social, pelo valor acordado anteriormente — US$ 54,20 (R$ 281,93, no câmbio da época). O anúncio oficial era iminente.

E ocorreu em 27 de outubro, oficializado, claro, em um tuíte, onde Elon afirmou que “não fez isso para ganhar dinheiro”. O bilionário prometeu na época também que não demitiria 75% da força de trabalho da empresa, como boatos indicavam, e que a plataforma estaria focada na liberdade de expressão.

Demissões e suspensões em massa

Após a compra, o próprio Musk se tornou CEO do Twitter e passou a comandar as operações diárias e (tentar) enfrentar os desafios da rede social, como fuga de usuários e moderação de conteúdo.

Como especulado anteriormente, o novo dono da rede social fez demissões em massa — algumas delas por engano — que chegaram a 50% da força de trabalho. Nos primeiros dias, mais de 4.000 funcionários foram dispensados.

Os que ficaram passaram a conviver com prazos apertados, falta de planejamento e exigências de ritmos de trabalho “longos e intensos”. Com menos gente trabalhando, especulou-se que a rede social poderia simplesmente parar de funcionar lentamente. Milhões de usuários brasileiros chegaram a migrar para a rival indiana Koo.

Em dezembro, Musk contrariou sua declaração de que era um “absolutista da liberdade de expressão” e suspendeu de forma definitiva uma conta que monitorava em tempo real a localização do jato particular dele. Para justificar a ação, ele mencionou uma regra de que contas que divulgassem a localização e colocassem em perigo outras pessoas violariam as regras da rede social.

Nos dias seguintes, a rede social do empresário também suspendeu as contas de diversos jornalistas, vários deles responsáveis por matérias críticas à gestão de Musk, e alegou que os profissionais também divulgaram informações importantes dele. O ato foi interpretado como “arbitrário” e um “precedente perigoso” por autoridades internacionais, que se manifestaram.

A crise culminou com uma enquete criada pelo bilionário, que perguntou se ele deveria abandonar o cargo de CEO do Twitter — 57,2% dos votantes pediram a saída dele.

“Vou renunciar ao cargo de CEO assim que encontrar alguém tolo o suficiente para aceitar o cargo! Depois disso, apenas executarei as equipes de software e servidores”, disse ele após finalizar a pesquisa. A troca acabou ficando para 2023.

Queda de ações

As coisas também não andam bem para a Tesla, a montadora de carros elétricos que é a fonte da riqueza de Elon Musk.

Em 2022, o sistema de piloto automático dos veículos da empresa foi investigado por autoridades dos Estados Unidos, após 16 mortes relacionadas à função, desde junho de 2021. O caso, considerado complexo, acompanha também recordes negativos na valorização da empresa.

Na terça-feira (27), as ações da Tesla perderam quase 9% do valor, um acúmulo de 42% de desvalorização em dezembro. A marca péssima fez a empresa ter seu pior mês, trimestre e ano em 2022. Isso fez a Tesla ser a empresa de tecnologia com o pior desempenho do ano, à frente da Meta, que carregava o posto até poucas semanas atrás.

Os números ruins fizeram com que investidores da empresa começassem a pressionar Musk, que na visão deles parece mais preocupado com o Twitter do que com a montadora. Além de problemas financeiros, a Tesla tem desafios logísticos, principalmente a queda de produção da estratégica fábrica de Xangai, após o governo chinês impor medidas duras para enfrentar a Covid-19.

A própria imagem da empresa parece arranhada, acompanhando a crescente má fama de seu presidente. Clientes passaram a cancelar pedidos de carros por aversão a Elon Musk, enquanto a Tesla oferece descontos nos preços de seus carros, após anos de sucessivos aumentos. Espera-se que em 2023 a empresa também finalmente consiga lançar sua anunciada Cybertruck, uma picape que foi alvo de piadas já no evento de apresentação.

Via: noticias.r7.com

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