20 de julho de 2025
domingo, 20 de julho de 2025

O que ignoramos em Dias Perfeitos

No último final de semana, finalmente, assisti um filme indicado pelo PH Santos em seu canal de YouTube: Dias Perfeitos. O que me motivou a ver o filme foi uma frase do PH, que de tempos em tempos ele se pergunta o que o senhor Hirayama estaria fazendo agora. E confesso que depois de ver o filme, essa pergunta faz todo o sentido. 

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Sem spoilers, o que posso dizer é que na rotina pacata do senhor Hirayama há mais beleza do que nas nossas rotinas, seja pela simplicidade do personagem, mas também pelo seu olhar admirado para as belezas que o cercam. Quando foi a última vez que admiramos as belezas que nos cercam? 

É clichê dizer que as belezas estão nas pequenas coisas, mas na verdade acredito que não são as “coisas” em si, e sim em nós e em como reagimos ao que acontece. Levar a vida com leveza pode ser difícil se você tem muitas responsabilidades ou preocupações. Constantemente nos cobramos para sermos mais produtivos, cumprirmos expectativas de terceiros e as nossas próprias expectativas. São essas cobranças ou autocobranças que nos adoecem. 

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O que ignoramos no filme Dias Perfeitos, pelo o que pesquisei, é que está tudo bem em gostar de ter rotinas, gostar de ouvir as mesmas músicas, gostar de estar desconectado e simplesmente viver uma vida, que pode parecer tediosa, mas que é cheia de significado e sentimento, mesmo se estiver fugindo de pessoas e assuntos do passado. 

Tem muitos artigos pela internet falando sobre a fotografia do filme, o roteiro, a direção e a atuação, focam mais no protagonista e não por menos, pois é uma das melhores atuações que já vi. Falam da invisibilidade do trabalho do senhor Hirayama, da sua sensibilidade com as coisas que o cercam, com as repetições que preenchem o dia deste homem, uma jornada que representa dias perfeitos. 

Porém, vou citar outra coisa, bem por cima pra não dar spoiler. O filme é todo embalado em músicas antigas, sejam japonesas ou internacionais. Aqui destaco uma música que aparece mais ou menos no meio do filme, que pode passar despercebida, já que muitos focam nas músicas que iniciam e finalizam o filme. A música em questão se chama “Redondo Beach” da Patti Smith. Há toda uma história cantada, passando por uma briga, uma vítima de suicídio e a desolação de quem estava procurando essa pessoa que se foi. 

E o que isso tem haver com dias perfeitos? Para mim a música dialoga com algo que também ignoramos, a tristeza alheia ou até a nossa própria tristeza, enchemos nossas vidas de várias coisas para não nos permitir refletir sobre nós mesmos. 

Quando foi a última vez que vimos as belezas que nos cercam? Quando foi a última vez que percebemos a tristeza do outro? Quando foi a última vez que percebemos a nossa própria tristeza? 

Olhar para dentro e para fora pode não fazer sentido numa rotina corrida, mas é tão necessário quanto lembrar de beber água. A negligência com nossas vidas em detrimento de uma produtividade irrealista não compensa o esforço, não compensa o quanto perdemos de vida no processo. 

Enfim, o que podemos aprender com o senhor Hirayama é que viver, mesmo na rotina, é essencial. Fica a minha recomendação do que assisti, e para refletir fica a pergunta: quais são os nossos dias perfeitos?

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Leticia Aguiar
Leticia Aguiar
Letícia Cristina é bibliotecária, empreendedora, costureira e amante dos cuidados capilares.

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