Durante o mês de março, marcado pelo Dia Internacional da Mulher, refletimos sobre temas urgentes ligados aos direitos das mulheres e questões sociais ampliadas. Foi nesse contexto que me deparei com uma fala impactante da deputada federal Jack Rocha, durante um seminário. Ela enunciou casos extremos de violência em nosso país e ao redor do mundo, destacando uma inquietante perda de humanidade e civilidade nas nossas ações diárias.
Essa observação me levou a refletir profundamente: onde foi que desligamos o botão da civilidade? Em algum momento, enquanto sociedade, perdemos o rumo. As atrocidades que presenciamos, tanto localmente quanto globalmente, indicam que a empatia foi substituída por uma indiferença devastadora.
Se olharmos para o cenário mundial, por exemplo, os conflitos na Ucrânia, na Palestina e em outras regiões revelam uma tragédia coletiva: os alvos não são mais exclusivamente militares. São civis, mulheres, crianças e idosos que enfrentam bombas e torpedos, enquanto tentam sobreviver. E, mais assustador ainda, por vezes, essa violência encontra sua expressão dentro de nossos próprios lares.
O Brasil não está imune a essa realidade. Casos de violência doméstica e familiar continuam a chocar, expondo a fragilidade dos laços que deveriam oferecer proteção e cuidado. Mães e madrastas que deveriam cuidar e amar tornam-se autoras de atos inimagináveis contra crianças — seus próprios filhos ou enteados. A casa, refúgio ideal para segurança e afeto, por vezes se torna o cenário de terror.
Pergunto-me: onde está o respeito, a empatia necessária para convivermos de forma minimamente pacífica? Sangue não é sinônimo de amor, mas deveria ao menos ser sinônimo de respeito e de empatia. E, muitas vezes, parece sequer ser isso.
Como chegamos até aqui? E, mais importante, será que existe um caminho para mudar essa realidade? Infelizmente, a resposta parece ser sombria. Da minha perspectiva de cidadã, me é difícil enxergar um ponto de virada. Isso exige esforço conjunto de todas as esferas de nossa sociedade — desde a educação até a saúde, passando pela cultura e pela religião. Será que estamos preparados para esse esforço?
Vivemos em uma sociedade adoecida — física e mentalmente — que permite e perpetua violências contra mulheres, crianças e outros grupos vulneráveis. Casos de abusos contra meninos, por exemplo, frequentemente ignorados ou silenciados, são igualmente alarmantes.
Essa reflexão não traz respostas, apenas angústias. É um convite à reflexão conjunta. Precisamos falar sobre isso, enfrentar essa realidade e buscar formas de religar o botão da civilidade em nossas vidas e comunidades. Afinal, não podemos aceitar que o respeito e a humanidade sejam considerados valores obsoletos em nossa convivência.
O desafio está lançado. Que esta provocação alcance aqueles que queiram construir um futuro mais digno e humano para todos.