Conto III: A segunda ilha de Trindade

Poucos são os lugares no mundo aonde os seres humanos não podem habitar ou se quer pisar, mas se tem um lugar que pode desafiar os limites da capacidade humana é a segunda ilha de Trindade.

Você pode nunca ter ouvida falar dessa ilha e seria melhor que tivesse continuado assim, afinal são poucos os que conseguem achá-la e menos ainda os que conseguem ir e sair de lá sem danos sérios, tanto físicos quanto mentais.

A segunda ilha de Trindade é um local diferente de tudo que se pode imaginar, nada na história humana pode preparar alguém para os horrores presentes na ilha.

A ilha é a principal porta entre o mundo humano e o mundo do Vazio Infinito, por ela sai todo o mau que atormenta e corrompe lentamente essa terras e seus cidadãos. Por isso é nela que habitam criaturas e objetos inimagináveis para a pequena e ignorante mente humana.

Mas o que acontece se acaso algum ser humano pisar nesse local? Essa é uma pergunta válida e que infelizmente TEM uma resposta.

O ano era 1945, a segunda guerra mundial tinha acabado de terminar, muitos alemães e italianos que foram aliados dos regimes totalitários tentavam fugir do julgamento de seus crimes. Um desses alemães era um homem que será identificado apenas como Klaus.

Ele, como muitos que defendiam àquelas ideias doentias, tentavam fugir das consequências dos seus atos, que tanto causaram dor e sofrimento a milhões. Por isso, com a ajuda de um amigo, Klaus consegui se esconder por anos das autoridades e conseguiu viver uma vida tranquila na cidade de Vitória.

Uma noite Klaus foi visitar um amigo que era pescador e vivia perto da ilha da Trindade e Martin Vaz, esse amigo contou a Klaus que tinha ouvido histórias de uma ilha secreta que só era visível em algumas noites específicas e que dentro dela tinham riquezas e objetos além da compreensão humana.

Após o amigo terminar de contar a história, disse a Klaus que iria procurar aquela ilha naquela noite e o chamou para a aventura. Como o alemão não era alguém que recusava se aventurar acabou aceitando. Até porque no fundo ele achava que aquilo era uma grande baboseira e que no fim eles não iriam achar nada.

Os dois então saíram em um pequeno barco durante a madrugada a procura dessa tal ilha misteriosa, no meio da viagem os dois acabaram bebendo e se divertindo muito, mas nada de acharem a maldita ilha. Quando já eram quase 4h00 da manhã ambos já estavam começando a desistir quando de repente avistaram algo que nunca tinham visto antes.

Como um piscar de olhos uma enorme ilha aparece na frente do pequeno barco, mesmo observando de longe ambos perceberam que as árvores presentes naquele lugar eram diferentes de todas as outras que já tinham visto antes, na verdade elas pareciam muito mais um grande muralha de espinhos do que árvores. Mesmo com essa visão estranha e com o aparecimento repentino da ilha, nem Klaus e nem seu amigo se intimidaram, afinal, a ganância deles falava mais alto.

Ambos então entraram na ilha, péssima decisão, afinal lá foram agraciados com visões horrendas de criaturas grotescas, como por exemplo: um tipo de aranha enorme feita de carne humana e rosto de cobra, uma massa preta gosmenta que tinham vários tipos de braços, entre outros que eram tão abstratos que eram difíceis de descrever.

As visões daquelas aberrações foi o suficiente para Klaus e seu amigo tentarem sair correndo, mas por algum motivo os seus corpos não se mexiam e pior ainda, ambos estavam se sentindo estranhamente quente, como se suas peles derretessem.

– Essa ilha não deveria ser visitada por humanos, mas é claro que iriam existir pessoas ignorantes e gananciosas o suficiente para vir até aqui – disse uma voz feminina que estava se aproximando das massas de carne que a poucos minutos atrás eram Klaus e seu amigo –  esse destino não desejo a ninguém, porém acredito que humanos tolos como vocês dois mereçam isso.

Iracema então observou com nojo aquele monte de carne se misturando e dando forma a uma nova criatura.

Definitivamente humanos não podem encontrar e nem pisar naquela ilha.

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