terça-feira, 10 de dezembro de 2024

Quem tem medo de mulheres e de negros na política?

As eleições para vereadores acabaram e para alguns municípios nem sequer houve 2º turno. Mas você sabia que a cada 5 vereadores/as eleitos, 4 são homens? E que 70% dos financiamentos eleitorais são destinados às candidaturas brancas?

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Poucos dias após o término do 1º turno, o Observatório da Branquitude lançou o Boletim “As chances de ser eleito: branquitude e representação política”, com base nos dados do próprio TSE. O boletim tem o objetivo de “verificar a trajetória do financiamento com base na hipótese de acúmulos no comparativo entre homens brancos e negros e mulheres brancas e negras.”

Antes de relatar alguns dos resultados do Boletim, vale lembrar que a legislação eleitoral exige que cada partido tenha no mínimo 30% de candidaturas femininas. Além do TSE divulgar a porcentagem por partido de candidaturas femininas e raciais. Parece um lindo mundo democrático de representatividade, não é mesmo? Mas os dados e a realidade vão mostrar que não é bem assim.

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O boletim começa fazendo um comparativo entre 2018 e 2022, o financiamento nas candidaturas é um dos fatores mais influentes para ganhar a eleição, além do fator de que há considerável influência se o candidato for homem, mas não necessariamente isso teria relação com raça/classe. 

Interessante que a princípio as candidaturas representativas aumentaram de 2018 para 2022, conforme o gráfico explana:

Mas como vimos acima, financiamento é fator fundamental para ganhar, e é aqui que a representatividade não tem o mesmo privilégio que a branquitude.

Enquanto as candidaturas brancas receberam mais financiamento em 2022, as candidaturas negras, sejam elas de homens ou mulheres, tiveram uma considerável redução. Então de que adianta representatividade, porcentagem mínima, se a distribuição do fundo partidário prioriza sempre os mesmos? Ou talvez as perguntas certas sejam das fotos que compõem o boletim: 

Apesar das mulheres serem mais de 50% da população brasileira, e dos negros comporem 56% dos brasileiros, os mais eleitos continuam sendo homens brancos cis. O mundo pode ter mudado, mas a instituição democrática burguesa continua a mesma, os apelos para conquistar eleitores continuam os mesmos – principalmente na direita. Até no marketing se copia:

Enquanto esperamos homens brancos decidirem por uma população majoritariamente de mulheres e negros, os pesos da balança nunca serão iguais, pelo menos não na conjuntura atual que beneficia descaradamente quem tem mais, e precariza a vida daqueles que pouco ou nada tem para sobreviver.

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Leticia Aguiar
Leticia Aguiar
Letícia Cristina é bibliotecária, empreendedora, costureira e amante dos cuidados capilares.

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