É claro que eu não me lembro, afinal eu ainda não tinha nascido… Mas minha mãe contava.
Lá no começo da década de 60, minha mãe tinha apenas uma filha, e ficou grávida de mim. A primogênita tinha dois anos e minha avó, mãe do meu pai, achou que ainda não era tempo de ter outro filho. Onde já se viu ter outro filho, se nem deu tempo para curtir a primeira, que ainda é muito pequena, dizia a avó.
Aí, com aquelas práticas populares de interior, lá vai a minha mãe, orientada e incentivada pela avó, a tomar isso ou aquilo, para que o bebê não vingasse ou nascesse. E dá-lhe chá disso, mistura daquilo, simpatia daquilo outro, e… nada! Não havia o que fizesse efeito.
As tentativas se seguiram, mas o efeito desejado não foi alcançado. A certa altura, desistiram de tentar. Foram vencidas pelo cansaço.
Vira o ano e no mês de março surge um menino. Parece que a vida tinha grudado em mim de tal forma que eu não podia não nascer! Nasci, aparentemente com a saúde perfeita e sem sequelas. Ledo engano!
Nas palavras de minha mãe, do zero aos três anos, tudo quanto era doença grudava em mim! Até crupe, que eu nem sabia o que era, eu tive. Varicela. E por aí vai…
Tudo estava tranquilo na rotina do dia e, sem mais nem menos, lá estava a minha mãe correndo para o hospital porque o Reinaldo ficou doente. De novo!
Fosse eu um místico, e diria que nasci com algum propósito especial. Mas não sou. Sou apenas mais uma vida que nasceu onde não se esperava.
Por conta dessas coisas, posso dizer que nasci de teimoso. E tudo o que veio com a vida, a família, as filhas, as amizades boas, que estão espalhadas por várias cidades por onde passei, são fruto daquela teimosia.
Reinaldo Olecio (PrestigeMan) é professor, sociólogo, tenista e especialista em equipamentos de Tênis.